Boletos da PND não foram atualizados para 01º de agosto
Arquivo pessoal
Professores que aguardavam a Prova Nacional Docente (PND) para conseguir um emprego efetivo na rede pública correm o risco de ficar de fora do exame.
➡️Depois que o Ministério da Educação (MEC) alterou o cronograma e estendeu as inscrições até 30 de julho, o edital passou a informar que as taxas de inscrição (R$ 85) poderiam ser pagas até esta sexta-feira, 1º de agosto. No entanto, os boletos bancários emitidos não foram atualizados: quem tentou quitá-los recebeu o aviso de que venceram no dia 30.
“Eu estava sem dinheiro. Recebi meu salário ontem, fui pagar o boleto e já não consegui. Estou desesperada, porque fiz até um curso para me preparar para a prova”, afirma ao g1 Valeska Camila, de 32 anos, pedagoga em Capão do Leão (RS). “O sistema não permite que a gente gere um novo boleto.”
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Procurado pela reportagem, o Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep), que organiza a PND, apenas disse que “o boleto foi programado para ser aceito pelo banco normalmente até o dia de hoje, 1º de agosto”. Até a atualização mais recente deste texto, o instituto não havia justificado o problema encontrado pelos candidatos.
➡️O que é a PND? Criada pelo Ministério da Educação (MEC), ela deverá funcionar como um concurso nacional e unificado para selecionar professores de educação básica que lecionarão nas redes públicas de ensino. Por meio da mesma avaliação, será possível que um docente se candidate tanto para uma vaga de um município no Sul do país quanto para uma oportunidade no Nordeste, por exemplo.
A professora de educação física Ariadne Nunes, de 33 anos, entrou no site da prova logo no início desta sexta (1º), na esperança de encontrar o boleto com a data corrigida.
“Estou decepcionada, porque estava me preparando e, por um erro deles [do governo], vou perder essa chance. Sou contratada temporariamente e queria fazer a prova para concorrer a uma vaga efetiva”, conta.
Angélica Durães, que leciona educação física em Pirapora (MG), afirma que recebeu até mensagem pelo Whatsapp do gov.br com a notícia sobre a prorrogação do pagamento.
“Ainda assim, quando fui pagar pelo app do banco e pela lotérica, o boleto não foi aceito”, diz.
Valeska e Angélica dizem que o próprio governo enviou mensagem falando da prorrogação do prazo
Arquivo pessoal
Alteração de cronograma
O prazo de inscrição da Prova Nacional Docente (PND), que teria terminado na última sexta-feira (25), foi prorrogado até 30 de julho, com pagamentos aceitos (em tese) até 1º de agosto. Veja o novo cronograma completo mais abaixo.
A mudança ocorreu horas depois de uma decisão judicial determinar que profissionais licenciados em Teatro e em Dança também devem ser ter o direito de participar do exame. A pasta não confirmou se a alteração no calendário está relacionada a isso.
Novo cronograma da PND
Inscrições: 14/07 a 30/07
Pagamento da taxa de inscrição: 14/07 a 01º/08
Tratamento pelo nome social: 14 a 30/07
Atendimento especializado – Solicitação: 14 a 25/07/2025
Aplicação da prova: 26/10
Resultado final: 10/12
Outro problema: exclusão dos professores de Dança e de Teatro
A Justiça Federal da 4ª Região do Rio Grande do Sul decidiu, na segunda-feira (21), que quem se formou nos cursos de licenciatura de Dança e de Teatro também deve ter o direito de participar do exame.
Na página oficial da avaliação, os candidatos interessados em fazer a prova precisam informar sua área de atuação. Dos cursos diretamente ligados a movimentos artísticos e/ou corporais, apenas aparecem na lista: Artes Visuais, Educação Física e Música. Não há a opção de selecionar as licenciaturas em Dança e em Teatro.
Ao g1, o MEC afirmou que recorrerá. O sistema continuava, na manhã desta sexta (1º), sem incluir essas duas áreas.
Lista de opções não inclui cursos de Dança e de Teatro
Reprodução
A decisão da Justiça é uma “tutela provisória de urgência”, ou seja, tem caráter temporário e foi tomada para evitar que alunos sejam prejudicados enquanto o processo ainda estiver em curso.
Quais os argumentos para a exclusão ou a inclusão da Dança e do Teatro?
Professores de dança e de teatro não foram originalmente contemplados pelo edital da PND
Divulgação
➡️Como a prova servirá justamente para facilitar a realização de concursos públicos e a contratação de professores, associações do setor afirmaram que excluir esses dois cursos prejudica o acesso de parte dos docentes ao mercado de trabalho.
Em ação civil pública, entidades como o Fórum Nacional de Dança e a Associação Nacional de Pesquisadores em Dança e Artes Cênicas reivindicaram a modificação do edital, considerado por elas como “arbitrário, ilegal e desproporcional”.
“Foi um erro técnico do ministério. Os municípios que adotarem as notas da Prova Nacional Docente não terão professores de Teatro e de Dança, só de artes em geral? Muito difícil acreditar que [as redes] farão concursos separados só para essas áreas”, diz Ian Angeli, advogado das entidades.
Na decisão provisória, o juiz justificou sua decisão afirmando que “danos iminentes e irreparáveis” seriam causados pela exclusão.
➡️Segundo a decisão judicial, o MEC justificou a exclusão afirmando que Dança e Teatro não têm um currículo público comum — o que impossibilitaria a formulação de uma prova padronizada, com questões específicas para todos os professores formados nessas áreas.
O edital original da PND afirma que o “instrumento avaliativo da PND será o mesmo do Enade das Licenciaturas”. Dança e Teatro, no entanto, não participam do Enade, justamente pela ausência de uma matriz comum (e pelo baixo número de cursos no país).
O edital previa que a avaliação contemplasse as seguintes áreas:
Artes Visuais
Biologia
Ciências Sociais
Computação
Educação Física
Filosofia
Física
Geografia
História
Letras Português
Letras Português e Espanhol
Letras Português e Inglês
Letras Inglês
Matemática
Música
Química
Pedagogia
Inscrições para a Prova Nacional Docente seguem abertas até 25 de julho
PND: boletos não são atualizados pelo Inep, e candidatos podem ficar de fora da prova usada em concurso público; ‘Estou desesperada’, diz professora
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