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quinta-feira, outubro 9, 2025
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Descubra o que é a nova economia do cérebro

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A expressão dividendos da longevidade se refere aos ganhos econômicos e sociais que ocorrem quando as pessoas vivem mais, com saúde e capacidade cognitiva. No entanto, para que todos possam colher esses dividendos, não podemos apenas adicionar anos à vida: é preciso adicionar vida (saudável) aos anos. Artigo recente da American Society of Aging destaca a importância crucial de proteger a saúde cerebral, com o objetivo de garantir resiliência, recuperação e longevidade. É com base nesse conceito que surgiu a “economia do cérebro”, no qual o poder desse órgão humano – que envolve cognição, regulação emocional, criatividade, adaptabilidade e saúde mental – é o principal motor da produtividade econômica, inovação e resiliência.
A saúde do cérebro é sinônimo de produtividade econômica, inovação e resiliência
Centre of Ageing Better
Governos, empregadores e gestores terão que entender que a saúde cerebral precisa ser reconhecida como um investimento de alto retorno, do qual dependerá o caminho para o crescimento econômico sustentável. A cognição vale ouro. Nossa capacidade de trabalhar, aprender, cuidar e inovar depende de como os cérebros processam, criam e se adaptam.
Dados apresentados pela organização mostram que as desigualdades na saúde cerebral afetam desproporcionalmente certas populações nos Estados Unidos (podemos estabelecer uma equivalência com o Brasil):
Cerca de 200 mil americanos vivem com demência precoce (quando o diagnóstico ocorre antes dos 65 anos).
Aos 45 anos, uma em cada cinco mulheres biológicas tem risco de desenvolver demência; entre os homens biológicos, a proporção é de um para dez.
Mais de 50% das pessoas com Síndrome de Down terão demência com o envelhecimento.
Pessoas latinas e hispânicas têm 1,5 vez mais chance de desenvolver demência do que brancos não hispânicos.
Afro-americanos enfrentam quase o dobro do risco de demência em comparação com brancos não hispânicos.
Idosos indígenas americanos e nativos do Alasca apresentam altas taxas de fatores de risco relacionados à demência, mas são drasticamente sub-representados em pesquisas e acesso a cuidados.
Adultos LGBTQIA+ com 45 anos ou mais têm maior probabilidade de relatar declínio cognitivo subjetivo.
As desigualdades na saúde cerebral começam cedo e são consequência de desigualdades estruturais que alteram direta e indiretamente nossa neurobiologia:
Acesso limitado à educação de qualidade, comprometendo a reserva cognitiva.
Perigos ambientais como poluição do ar, incêndios florestais e desertos alimentares, que prejudicam o desenvolvimento cerebral ao longo da vida.
Estresse econômico crônico causado por insegurança habitacional, exploração laboral e instabilidade financeira, ligado a uma condição de neuroinflamação, declínio cognitivo e demência.
Sistemas de saúde inacessíveis, com escassez de profissionais e atrasos no diagnóstico.
Em 2025, o custo da demência nos EUA chegará a US$ 781 bilhões (R$ 4.1 trilhões), incluindo US$ 52 bilhões pagos diretamente pelas famílias. No Brasil, estima-se que, até 2050, haverá entre 5,6 e 5,7 milhões de pessoas com demência. Por trás desses números, há gente: cuidadores não remunerados – em sua maioria mulheres e mulheres negras – deixando o mercado de trabalho, comprometendo suas aposentadorias e lutando sem apoio. Assim como o século XX exigiu estradas, pontes e escolas públicas, o século XXI exige uma infraestrutura diferente, fundamentada na resiliência cognitiva e na equidade em saúde, para que possamos alcançar a plena realização do potencial humano.
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