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sexta-feira, outubro 10, 2025
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Kenny G diz que é ‘lisonjeiro’ inspirar música de Matuê sobre maconha: ‘Entrei no coração dele’

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Kenny G fala sobre ser homenageado em música de Matuê
Kenny G é um artista único em muitos sentidos. Tem aquele estilo de saxofone inconfundível — e que toca em todos os lugares —, um cabelo marca registrada e parcerias de Frank Sinatra a The Weeknd. Com 40 anos de carreira, ele traz uma celebração dessa trajetória ao Espaço Unimed, em São Paulo, nesta sexta-feira (10).
Há quem ame e quem odeie o smooth jazz contemplativo do saxofonista, mas até hoje poucos desconhecem o nome Kenny G. O instrumentista mais bem-sucedido do mundo é hit até na China — onde sua faixa “Going Home” toca no fim do expediente em estabelecimentos chineses.
“É tudo por causa da música. Se não fosse pela música, as pessoas não abraçariam tanto assim se realmente não a amassem. E todo mundo precisa da minha música em algum momento da vida.”
Por isso mesmo, Kenny G não tem planos de parar. Ao g1, ele falou sobre relação com críticas, longevidade e se divertiu ao descobrir que inspirou uma música do Matuê sobre maconha. Veja na entrevista abaixo:
g1 – Bom, você está vindo ao Brasil, então vamos falar disso, né? Antes de lançar o seu álbum “Brazilian Nights” (2015), você disse que sempre amou bossa nova. E nós sempre temos essa curiosidade de saber como a música brasileira ressoa com pessoas que não falam português e são de fora do Brasil. Então, você pode me contar um pouco do que você ouve e como isso fala com você?
Kenny G – Bem, eu só escuto as melodias. Na verdade, eu não me importo com as palavras. Então, quando eu ouço música, pra mim é o som. Eu gosto da bossa nova porque ela é melódica, mas também é rítmica, e também pode ser jazzística. Então, não é muito complicada porque não é tão jazz, não é tão pop, e não é muito lenta ou monótona.
Ela tem um pouco de tudo. Ela permite que você toque várias notas legais. Você pode mostrar o quão bom músico você é, mas sem parecer complicado demais, o que é o melhor jeito, eu acho, de tocar — fazer soar como “ah, o que ele toca parece fácil”, mas quando você tenta, não é fácil nem um pouco.
g1 – Seu trabalho é muito amado, mas também há pessoas que ficam meio irritadas com sua música, e isso acontece desde que você é jovem. Então, como seu relacionamento com as críticas evoluiu ao longo dos anos? E como você… eu sinto que em algum momento você entrou na piada. Como isso aconteceu?
Kenny G – É, eu realmente não me importo. Eu não presto muita atenção a isso. Os críticos são pagos pra serem críticos. É por isso que se chamam críticos. Esse é o trabalho deles. O trabalho deles não é dizer: “Ei, ele é ótimo.” Por que precisaríamos de um crítico então? “Ah, ele é maravilhoso.”
Eles têm que falar, sabe, é o trabalho deles. Então, quando fazem isso, eu penso: “Bem, ok, é o que eles fazem.” Isso não significa nada pra mim. Eu não vou prestar muita atenção nisso, porque o que eu faria? Eu ouviria alguém me criticar e diria: “Sabe de uma coisa? Talvez eu devesse mudar a forma como toco meu saxofone por causa do que disseram.”
Isso parece ridiculamente nada inteligente. Então, é claro que eu não me importo. Meu relacionamento com isso não mudou, porque eu nunca me importei e ainda não me importo.
Kenny G se apresenta em São Paulo nesta sexta (10)
Divulgação
g1 – Pra mim, além de um grande instrumentista, você se tornou uma espécie de figura da cultura pop também. Com o cabelo, e aí sendo retratado em “South Park”, estando em músicas e clipes de The Weeknd, Katy Perry… você sente isso, que se tornou meio um ícone da cultura pop?
Kenny G – Bem, a questão é que eu sempre tive esse cabelo. Então, o cabelo não foi algo que eu deixei crescer pra ficar famoso. Meu cabelo é assim desde criança.
Sorte a minha que, por algum motivo, as pessoas gostam do jeito que eu toco saxofone. Eu toco de um certo jeito simplesmente porque é o que eu faço. Eu não toco esperando que as pessoas gostem. Eu só toco assim.
Por sorte, as pessoas gostam, e como tantas pessoas gostam, eu, sabe, vendo mais discos que a Katy Perry! Então, não é que eu esteja me tornando algo pop. Eu já estou lá, porque já sou popular, porque as pessoas gostam da minha música. Ah, isso não foi algo que eu quis ou tentei fazer acontecer — foi apenas um resultado da música.
Então, eu só faço minha música, e ela me leva até o videoclipe da Katy Perry, e o The Weeknd me liga porque quer um solo de saxofone, e pensa em mim porque conhece minha música e gosta dela, do meu jeito de tocar, e diz: “Ei, eu adoraria que você tocasse uma música comigo.” Então é assim que acontece. Tudo é pela música.
Tudo é sobre a música — e o cabelo [risos], mas principalmente a música.
g1 – Eu sei que algumas pessoas associam suas músicas ao sentimento de tristeza, reflexão… Hoje em dia, eu ouço e sinto mais uma certa nostalgia por um tempo em que nem estive presente. Você sente que suas músicas ganharam novos significados ao longo do tempo? Você já olhou para uma música como “Songbird” e pensou: “Ah, isso soa diferente agora”?
Kenny G – Pra mim, não. Tipo, se eu toco uma das minhas músicas pra alguém, pode soar muito triste. Pra outra pessoa, pode ser muito romântica. Pra outra, algo muito inspirador — porque o bebê dela nasceu ouvindo aquela música, ou talvez tenha sido concebido ouvindo. Não sabemos qual. Eu fico feliz com todas as interpretações.
Eu não escrevo músicas pra serem tristes — não são músicas tristes. São apenas melodias que soam… Não sei. Eu crio uma melodia porque ela soa certa pra mim, e então alguém decide que é triste. Mas pra mim, é só bonita.
Quando ouço minhas melodias, elas são tão bonitas pra mim porque fui eu quem as criou, então acho lindas. E essa é a mágica também.
Kenny G se apresenta em São Paulo nesta sexta (10)
Divulgação
g1 – Eu também queria te perguntar sobre a história da China, com “Going Home”. Acho que isso também é um efeito de suas músicas não terem letra. Como você soube disso? E há alguma outra história parecida em outro lugar?
Kenny G – Eu soube disso porque fui à China e toquei lá. As pessoas me contaram o que acontecia com essa música. Eu disse: “Sério? Isso é verdade?” Sim, é verdade, pensei que estavam brincando.
g1 – A música toca na hora das pessoas deixarem os trabalhos, certo?
Kenny G – É, toca no fim do expediente, é pra eles irem pra casa. Eles literalmente olharam o título que eu dei, “Going Home”, e decidiram que iam usar pra isso, porque não há letras.
E é outro motivo pelo qual posso tocar na China: o governo chinês só permite que você toque lá se não tiver letras nas músicas. É por isso que poucos grupos tocam na China. Eles simplesmente não permitem a entrada de muitos artistas. Eu estou bem, porque minhas músicas não têm letras, então eu não digo nada que possa irritar o governo, que poderia achar que estou passando uma mensagem ao povo que eles não querem que seja passada. As minhas são só melodias, então está tudo bem.
Provavelmente umas 400 milhões de pessoas ouviram minha música lá hoje. Tenho certeza. Eles a ouvem desde crianças, quando adultos, os avós também. Todos conhecem a música. É realmente divertido quando toco. As crianças conhecem minha música e os avós conhecem a mesma música. É algo realmente especial.
g1 – E é bom saber que tem um significado positivo pra eles. Sair do trabalho também é uma boa notícia.
Kenny G – Sim. Mas acho que muitos nem associam a uma pessoa. Só ouvem a melodia, é uma música. Nem percebem que há um homem por trás disso.
g1 – Você mencionou que consegue tocar em certos lugares porque não há letras. Existe outro lugar ou situação em que isso te ajudou a entrar?
Kenny G – Não, por causa da ausência de letras, só lá mesmo. O resto, bem, nós tocamos em todo lugar. Estávamos na África do Sul há alguns dias, e eles estavam cantando minha melodia enquanto eu tocava no show. Nunca tinha acontecido antes. Foi incrível. Tocamos para quase 10 mil pessoas em um show em Joanesburgo ou Pretória, e eu comecei uma das músicas e, antes de tocar, eles já estavam cantando a melodia. Eu pensei: “Uau, isso é muito legal.” Sem palavras, eles só estavam fazendo assim mesmo. Foi incrível.
g1 – Eu também queria te contar algo. Há um grande hit aqui no Brasil de um trapper, um dos maiores artistas daqui, que se chama “Kenny G”. Você sabia disso?
Kenny G – Não, não sabia!
g1 – Em um momento, [o Matuê] canta sobre ouvir você, mas em outro ele fala “faz o Kenny G”. E isso é um código para fumar maconha, como se fosse tocar saxofone. Quando ele diz “vamos fazer o Kenny G”, é tipo “vamos fumar”. Tem até um cara vestido como você, com o cabelo. Então, adoraria saber o que você acha de virar uma analogia pra isso…
Kenny G – [risos] Para fumar maconha? Bem, acho lisonjeiro que, de alguma forma, eu tenha entrado no coração dele a ponto de ele querer me colocar na música. Isso é bem especial. Não posso controlar o que as pessoas dizem ou fazem com isso. Acho legal, sabe?
Kenny G
Reprodução/Instagram
Não estou dizendo que fico feliz que todos fumem maconha por causa disso. Deixo essa decisão pra cada um, mas sim, é uma coisa bacana. O Snoop Dogg postou algo sobre mim outro dia, e eu nem o conheço muito bem. Já o encontrei algumas vezes, e ele publicou algo tipo “it’s a G thang” ou algo assim. Ele postou um meme no Instagram, e eu pensei “uau”.
E as pessoas começaram a comentar: “Ei, vocês estão saindo juntos agora?” Não exatamente, mas eu gostaria. Gosto dele. Parece um cara legal.
Então sim, é legal quando essas coisas acontecem. Acho muito, muito legal. Significa que você está por aí, que é conhecido. E, de novo, é tudo por causa da música. Se não fosse pela música, as pessoas não abraçariam tanto assim se realmente não a amassem. E todo mundo precisa da minha música em algum momento da vida.
Talvez você seja jovem demais pra isso agora. Mas quando envelhecer, vai querer ouvir essa música e vai pensar: “Nossa, lembro quando falei com ele. Eu não percebia o quanto ia amar essa música até agora.”
g1 – Não, não, eu percebo sim. E é um fenômeno interessante, na verdade, porque quando paro pra ouvir sua música, não sei de onde a conheço, mas definitivamente conheço quase tudo.
E a música que mencionei — o artista é um trapper jovem brasileiro, e te conhece, sabe como você é, coloca alguém como você no clipe e sabe que você toca saxofone. Então é realmente incrível.
Kenny G – Isso é muito legal. É, só queria ser mais jovem. Sabe, quero mais tempo. E conforme envelhecemos, é tipo: “Ok, quanto tempo mais eu tenho pra fazer isso?”
Espero que muito tempo, mas se eu pudesse pedir uma coisa, seria apenas mais anos. Porque eu amo o que faço, estou me divertindo muito, amo o que estou fazendo e amo viajar pelo mundo tocando minha música.
É ótimo, mas as viagens estão ficando um pouco mais difíceis pro meu corpo do que antes, conforme envelheço. Mas ainda é bom, sem problemas. Eu malho todos os dias, me mantenho em forma e treino bastante no saxofone, é o que sempre fiz por mais de 50 anos. Pratico todos os dias por 3 horas, me exercito por 1 hora, e isso mantém tudo funcionando.
Eu amo. Amo minha vida. Só queria poder fazer isso por mais 50 anos.

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