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domingo, outubro 12, 2025
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Enem 2025: como estudar usando filmes, séries e outras obras

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Redação do Enem ou ‘cover’ de Machado de Assis?
Na contagem regressiva para o Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) 2025, a ansiedade dos estudantes pode fazer o descanso parecer tempo perdido. Mas nem todo intervalo precisa ser sinônimo de culpa.
É importante ter momentos de descontração na rotina e dá para fazer isso enquanto aprende, com filmes, séries e podcasts.
➡️ Professores ouvidos pelo g1 afirmam que obras artísticas ou informativas (veja indicações abaixo) ajudam a consolidar o conhecimento adquirido em sala de aula ou estudos individuais.
Danielle Capriolli, professora e coordenadora de Língua Portuguesa da Escola Bilíngue Pueri Domus, em São Paulo, considera que esse lazer serve de “revisão disfarçada”.
“O ano de vestibular é cansativo. Momentos de tranquilidade permitem aprender de outras formas que não sejam só a lousa, o caderno, o computador”, diz ela.
Nessa reta final, “o melhor relaxamento pode ser aquele que promove conhecimento sem forçar nenhuma situação, acalmando a mente e fugindo da alienação. Dessa forma, na hora da prova, as relações entre filmes e séries surgem de forma simples e coerente”, sugere Fábio Guimarães, professor de Literatura e Redação da Escola Carolina Patrício, no Rio de Janeiro.
Na preparação para o Enem, filmes, séries e outras obras ajudam a consolidar o conhecimento adquirido nos estudos.
Freepik
Produções como essas vão além do mero entretenimento. Nos estudos, são a base natural para a criação de repertório sociocultural para a redação: o Enem avalia, como parte da competência 2 da Matriz de Referência, o emprego produtivo de repertório externo (ou seja, que vai além da coletânea de textos motivadores).
Além disso, contribuem para o desempenho nas provas objetivas, já que leitura crítica e interpretação de texto são habilidades centrais para resolver as questões.
“Essas fontes ajudam o estudante a refletir sobre a sociedade, os comportamentos sociais e os desafios contemporâneos, ampliando sua visão crítica”, analisa Gabrielle Cavalin, coordenadora de Redação do Poliedro Educação.
Um bom exemplo são os dramas históricos, que recontam grandes acontecimentos da humanidade. “Uma aula sobre as ditaduras militares na América Latina ganha outro significado quando o estudante assiste ao filme ‘Ainda Estou Aqui’ , ou lê ‘O Que É Isso, Companheiro?’, avalia Edriano Abreu, professor de História do Bernoulli Educação.
“O cinema tem esse poder: tornar visuais aspectos que remetem a outros períodos. Além disso, é uma forma eficiente de compreender acontecimentos de grande magnitude, como tragédias climáticas ou revoluções políticas”, acrescenta o professor.
A prova do Enem também pauta com frequência discussões socialmente relevantes, trazendo, por exemplo, temas ligados à diversidade étnico-racial . “Filmes, séries e livros têm um potencial mágico de fixar o conteúdo estudado porque atuam pelo emocional: fazem os jovens pensarem e se conectarem com assuntos importantes”, diz Léo Bento, sócio-fundador da Inaperê Consultoria, criada por professores com foco em diversidade e relações raciais.
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Como aproveitar produções culturais para os estudos
Professores explicam que refletir, anotar e discutir o que se assiste ajuda a assimilar temas e ampliar o repertório de forma leve. Veja algumas estratégias:
Use como autorecompensa: depois de um dia intenso de estudos, assistir a um episódio de série com recorte histórico pode funcionar como um “bônus” produtivo;
Assista (ou ouça) com intenção: faça anotações sobre o tema central, as relações sociais retratadas e o uso da linguagem na produção. Ler críticas e comentários também ajuda a desenvolver o olhar analítico, acrescenta Danielle;
Converse sobre a obra: discuta os temas abordados com amigos e familiares, para ouvir novas opiniões e refletir sobre a própria. “Compartilhar essas experiências – enviando uma mensagem ou um áudio a um colega para comentar o que consumiu – fortalece os alunos nessa fase”, explica Abreu;
Monte um caderno de repertórios: registre filmes, séries, podcasts e outros conteúdos consumidos, junto com os principais insights obtidos de cada um;
Relacione com eixos temáticos: associe obras que já conhece a grandes temas. Por exemplo: no eixo da saúde, o aluno pode lembrar da série “Sob Pressão”; no eixo do trabalho, do filme “Que Horas Ela Volta?”, sugere Gabrielle;
Inclua podcasts diários: programas jornalísticos como O Assunto, do g1, mantêm o estudante atualizado sobre os acontecimentos no Brasil e no mundo. “Esse tipo de conteúdo contribui diretamente para a construção da argumentação na redação”, acrescenta a professora;
Observe metáforas e representações: Guimarães chama atenção para as subjetividades das produções. “Um personagem policial, por exemplo, pode simbolizar o poder autoritário e servir de analogia em temas ligados à violência”, explica o professor.
Veja as dicas dos professores
A reportagem pediu aos entrevistados indicações de obras, em formatos diversos, que podem ajudar os candidatos na reta final de estudos para o Enem 2025. Confira:
🎬 Filmes
“Malês”, de Antônio Pitanga (em cartaz nos cinemas): “Retrata a revolta abolicionista protagonizada por negros escravizados no Brasil. O mesmo episódio é abordado no livro ‘Um Defeito de Cor’, de Ana Maria Gonçalves, autora recentemente empossada na Academia Brasileira de Letras”, indica Edriano Abreu.
“Parasita”, de Bong Joon-Ho (Prime Video): “O filme sul-coreano é uma metáfora criativa das diferenças sociais, usando personagens, objetos e até arquitetura para marcar essas divergências. Atenção como a palavra ‘plano’ significa tanto na trama para essas comparações”, indica Fábio Guimarães.
“O Último Azul”, de Gabriel Mascaro (em cartaz nos cinemas): “Vencedor do Leão de Prata no Festival de Cinema de Berlim, o longa brasileiro apresenta a história distópica de Tereza, levada a uma colônia que marginaliza idosos. A produção oferece repertório críticosobre o capacitismo e a compreensão da capacidade de todos os indivíduos”, recomenda Guimarães.
➕ Os professores também recomendam: “12 Anos de Escravidão” (Prime Video), “A Batalha da Rua Maria Antônia”, “A Lista de Schindler”, “A Viagem de Chihiro” (Netflix), “Adeus, Lênin!”, “Ainda Estou Aqui” (Globoplay), “Bacurau” (Globoplay), “Corra” (Prime Video), “Doutor Gama” (Globoplay), “Getúlio”, “Guerra de Canudos”, “Lincoln”, “Macunaíma” (Globoplay), “Malcolm X” (Prime Video), “Medida Provisória” (Telecine), “O que é isso, Companheiro?” (Prime Video), “Pantera Negra” (Disney+), “Que Horas Ela Volta?” (Netflix), “Selma” (Prime Video), “Xingu” (Netflix) e “Zuzu Angel”.
Filme ‘Malês’, de Antônio Pitanga, em cartaz nos cinemas.
Divulgação/Still Photo Vantoen
🎥 Documentários
“A 13ª Emenda” (Netflix): “Analisa a conexão entre a escravidão e o sistema de encarceramento em massa nos Estados Unidos. Excelente para discutir racismo estrutural e sistemas de opressão”, indica Léo Bento.
“Amanhã”, de Marcos Pimentel: “Retrata, com sensibilidade, a vida de três crianças de diferentes contextos sociais em Belo Horizonte, em 2002 e vinte anos depois. É um filme interessante para pensar temas caros ao Enem, como as desigualdades estruturais e a convivência entre diferentes classes sociais”, indica Danielle Capriolli.
“O Dilema das Redes” (Netflix): “Excelente para refletir sobre o impacto da tecnologia. Mesmo anterior à popularização da inteligência artificial, ele traz uma discussão atual sobre manipulação de dados e o nosso comportamento digital”, acrescenta a professora.
➕ Os professores também recomendam: “Canudos”; “Democracia em Vertigem” (Netflix); “Hitler e o Nazismo” (Netflix), “Vozes da Segunda Guerra” (Netflix), “Retratos Fantasmas” (Netflix).
📺 Séries
“Segunda Chamada” (Globoplay): “Apresenta como é o cotidiano de uma escola de EJA, educação de jovens e adultos, com seus desafios quando a evasão, a ressocialização dos cidadãos que desejam reaprender a serem vozes ativas na sociedade. Tema forte para a redação desse ano”, indica Fábio Guimarães.
“Adolescência” (Netflix): “Além da qualidade artística, ela provocou um debate na sociedade sobre a violência entre adolescentes, muitas vezes estimulada pelo conteúdo consumido nas redes sociais. É uma excelente possibilidade temática para discussão em provas. Também trata da chamada ‘machosfera’ e mostra como grupos masculinistas influenciam a mentalidade, especialmente dos meninos”, destaca Gabrielle Cavalin.
➕ Os professores também recomendam: “Chernobyl” (HBO Max); “Mussolini: O Filho do Século”(Mubi); “Sob Pressão” (Globoplay); “Black Mirror” (Netflix); “Coisa Mais Linda” (Netflix).
📖 Livros
“O Avesso da Pele”, de Jeferson Tenório: “O protagonista Pedro resgata o passado da família após a morte do pai. O autor expõe um país marcado pelo racismo e por um sistema educacional falido”, indica Léo Bento.
“O Ódio que Você Semeia”, de Angie Thomas: “Discute racismo estrutural e violência policial através da perspectiva de uma adolescente negra, introduzindo o debate sobre ativismo”, acrescenta Bento.
➕ Também recomenda: “Diário de Bitita”, de Carolina Maria de Jesus, e “Pequeno Manual Antirracista”, de Djamila Ribeiro.

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