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‘Intervenção externa’ na Venezuela pode ‘incendiar’ a América do Sul, diz Celso Amorim

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Donald Trump fala em ataques terrestres contra narcotraficantes
Uma “intervenção externa” na Venezuela “pode incendiar a América do Sul”, disse Celso Amorim, assessor especial do presidente Lula, em entrevista à agência de notícias France Presse (AFP) nesta sexta-feira (24).
“Não podemos aceitar uma intervenção externa porque isso vai criar um ressentimento imenso”, disse Amorim. Uma intervenção “pode incendiar a América do Sul” e levar à “radicalização da política em todo o continente”, acrescentou o assessor, sem citar os Estados Unidos.
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A fala de Amorim ocorreu em meio à escalada das tensões entre os Estados Unidos e a Venezuela, que já teve bombardeios a 10 barcos no mar do Caribe e no Oceano Pacífico próximo à América do Sul —que, segundo o governo Trump, carregavam drogas— e a possibilidade de operações militares americanas em solo venezuelano. O presidente dos EUA, Donald Trump, disse na quinta (23) que fará ações terrestres contra cartéis de drogas em breve, também sem citar a Venezuela.
Segundo Amorim, um dos elementos do caos no continente causado por uma eventual ação militar dos EUA contra a Venezuela seria, por exemplo, “problemas concretos de refugiados” no Brasil e na Colômbia.
Desde agosto, o governo do republicano designou cartéis de drogas sul-americanos como organizações terroristas e ordenou operações militares contra eles. Além disso, acusou o presidente venezuelano, Nicolás Maduro, de chefiar o Cartel de Los Soles e dobraram a recompensa pela captura dele para US$ 50 milhões (cerca de R$ 269 milhões).
Como parte da pressão contra o regime Maduro, o governo Trump também mobilizou uma grande presença militar no mar do Caribe, que envolve navios de guerra, jatos, helicópteros de operações especiais e aviões bombardeiros.
Imagem mostra o presidente dos EUA, Donald Trump (E), em Washington, DC, em 9 de julho de 2025, e o presidente venezuelano, Nicolás Maduro (D), em Caracas, em 31 de julho de 2024.
AFP/Jim Watson
O governo Maduro condenou os ataques a barcos e diz que os Estados Unidos buscam uma mudança de regime no país. Na quinta, Maduro fez apelos em inglês contra uma eventual operação americana, e disse “no crazy war, please” (leia mais abaixo). Trump disse que Maduro “ofereceu tudo” —em referência aos recursos naturais do país— contra uma investida militar no país, no entanto, o americano recusou.
Para justificar os ataques a barcos venezuelanos, Trump afirma que está impedindo a entrada de drogas nos EUA, que viriam da Venezuela, segundo ele. Porém, dados da ONU enfraquecem essa alegação: o Relatório Mundial sobre Drogas de 2025, da agência da ONU para drogas e crimes, aponta que o fentanil —a droga que mais causa overdoses nos EUA— vem do México, país vizinho dos EUA.
Amorim também disse à AFP que Lula evitará “dar lições” a Trump sobre o assunto, caso um encontro entre os dois líderes ocorra neste fim de semana na Malásia. Lula disse nesta sexta não acreditar que os ataques dos EUA a barcos no Caribe sejam justificados, e que Trump teria uma “falta de compreensão” de política internacional. “Se o mundo virar uma terra sem lei, vai ficar muito difícil”, disse.
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Maduro: ‘No crazy war, please’
O presidente da Venezuela, Nicolás Maduro, durante evento em 12 de outubro de 2025
Frederico Parra/AFP
O presidente venezuelano, Nicolás Maduro, disse na quinta-feira (23) que a “Venezuela quer paz” e pediu, em inglês, que não haja uma “guerra maluca” na região, frente as ações militares dos EUA.
“Não à guerra”, disse Maduro durante uma assembleia com sindicatos associados ao chavismo ao enviar uma mensagem aos trabalhadores dos Estados Unidos. “‘Yes peace, yes peace, forever, peace forever. No crazy war!’ Não à guerra louca! ‘No crazy war!'”
Em agosto, Washington enviou contratorpedeiros, um submarino e barcos com efetivos das forças especiais para águas internacionais no Caribe.
Em 2 de setembro, a flotilha realizou o primeiro dos nove ataques contra embarcações e submersíveis na região da América do Sul — dois deles no Pacífico, nos quais matou pelo menos 37 supostos traficantes de drogas.
Maduro classificou essas operações como ameaça e assédio por parte de Washington, e afirma que elas têm como objetivo uma mudança de regime para se apropriar do petróleo venezuelano.
Venezuela mobiliza militares contra possível invasão dos Estados Unidos
Trump cogita ações em terra
Nesta quinta, Trump disse que deve realizar ações militares em terra contra cartéis. Ele não citou diretamente a Venezuela. Segundo o presidente, o assunto deve ser discutido com o Congresso.
O anúncio foi feito um dia após o bombardeio de uma embarcação no Oceano Pacífico, o nono ataque do tipo ocorrido na América do Sul. Segundo o Departamento de Guerra, o barco transportava drogas. Três pessoas morreram.
Em conversa com jornalistas, Trump afirmou que não precisará pedir ao Congresso uma declaração de guerra aos cartéis e reiterou que as operações irão continuar.
Bombardeios contra barcos
EUA atacam 10ª embarcação na América Latina 
No início desta semana, ao ser questionado sobre se os EUA têm autoridade para bombardear embarcações em águas internacionais, Trump respondeu que sim. O presidente justificou as ações afirmando que 300 mil pessoas morrem nos EUA por ano por problemas relacionados às drogas.
A presença militar americana no Caribe inclui destróieres com mísseis guiados, caças F-35, um submarino nuclear e cerca de 6,5 mil militares.
Nas últimas semanas, as ofensivas americanas foram criticadas por analistas. Na terça-feira (21), um grupo independente de especialistas da Organização das Nações Unidas (ONU) afirmou que os bombardeios violam o direito internacional e constituem execuções extrajudiciais.
O grupo, nomeado pelo Conselho de Direitos Humanos, disse que os ataques violam a soberania do país sul-americano e as “obrigações internacionais fundamentais” dos EUA de não intervir em assuntos domésticos ou ameaçar usar força armada contra outro país.
Apesar da justificativa de Trump de combater o tráfico de drogas, os especialistas apontam que “mesmo que tais alegações fossem comprovadas, o uso de força letal em águas internacionais sem base legal adequada viola o direito internacional do mar e equivale a execuções extrajudiciais”.

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