O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) publicou nas redes sociais uma homenagem ao músico, cantor e compositor Jards Macalé, que morreu nesta segunda-feira (17), no Rio de Janeiro, aos 82 anos.
Jards Macalé morre aos 82 anos no Rio
Autor de sucessos como “Vapor Barato”, Jards Macalé foi um dos artistas que se apresentaram na posse de Lula em 2023. Nas redes sociais, o presidente afirmou que a visão de mundo do artista fez com que eles se aproximassem.
“Jards Macalé dizia que o amor é um gesto político. E que em tempos de ódio e de intrigas como os que vivemos recentemente, pouca gente falava do amor, e por isso era tão importante cantá-lo”, escreveu Lula. “Essa visão de mundo me aproximou de Jards: política e amor devem andar juntos. Não podem ser separados. Estive com Jards na luta pela redemocratização. Nos reencontramos várias vezes ao longo dos anos.”
Lula disse ainda que Macalé “fez história como cantor e compositor de algumas das músicas mais brilhantes de nossa MPB. Sempre defendeu a valorização da cultura e transformou seu talento e sua arte em uma luta constante contra o autoritarismo”.
‘Anjo torto da MPB’
Nascido no Rio em 1943, Jards Anet da Silva começou a carreira nos anos 1960 — quando teve sua primeira composição gravada por Elizeth Cardoso, em 1964.
Caetano Veloso (à esquerda) e Jards Macalé em Londres, em 1971, na época em que foi gravado o álbum ‘Transa’ (1972)
Pedro Paulo Koellreutter / Reprodução Facebook Jards Macalé
Macalé rapidamente se destacou pela postura vanguardista e pela recusa a seguir padrões comerciais, o que lhe apresentou ao país como um “anjo torto” da MPB, como citou Mauro Ferreira em seu blog.
O grande impacto inicial veio em 1969, com a performance de “Gotham City” no IV Festival Internacional da Canção.
Em 1972, lançou seu influente álbum de estreia, Jards Macalé, no qual consolidou sua estética híbrida, misturando rock, samba, jazz, blues, baião e canção.
É autor de clássicos como “Hotel das Estrelas”, “Anjo Exterminado”, “Mal Secreto” e “Vapor Barato”, imortalizados também nas vozes de Gal Costa, Maria Bethânia e O Rappa.
Jards Macalé
Aline Müller / Divulgação
“Meu amor, meu amigo… Fará muita falta neste mundo. 🌹”, postou Bethânia em uma rede social.
Parceiro de poetas como Waly Salomão (coautor de ‘Vapor Barato”), Vinicius de Moraes, Torquato Neto e José Carlos Capinan, Macalé construiu uma obra marcada pela estranheza, pela experimentação e pela absoluta defesa da liberdade criativa — postura que o aproximou de artistas como Luiz Melodia, igualmente avesso às imposições das gravadoras dos anos 1970 e 1980.


