
Imagem mostra centenas de toneladas de lixo despejadas em um campo no Reino Unido, perto de Kidlington, em Oxfordshire, em 16 de novembro de 2025
Sky News via AP
Uma montanha de lixo jogado ilegalmente às margens de um rio no interior do Reino Unido ficou tão grande que pode ser vista do espaço, mas passou despercebida por meses para quem passava pela região.
Escondida atrás de uma densa fileira de árvores, ao lado de uma movimentada rodovia, a pilha se estendia por um comprimento equivalente a três piscinas olímpicas e chegava à altura do telhado de uma casa de dois andares, enquanto motoristas passavam sem saber o que havia ali.
Como o lixo foi parar no local e há quanto tempo a pilha crescia continua sendo um mistério, mas a descoberta recente provocou indignação diante de uma crise ambiental em formação.
O caso também chamou atenção para a difícil batalha da Inglaterra contra quadrilhas criminosas suspeitas de despejar resíduos ilegalmente. “É chocante como conseguiram passar despercebidos”, disse Liz Gyekye, da ONG ambiental Thames 21.
“Esperamos que esses responsáveis sejam encontrados rapidamente e punidos por seus crimes. Esta é uma catástrofe ambiental acontecendo às portas de um dos rios mais preciosos do nosso país.”
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Com as chuvas de inverno se aproximando e o lixo acumulado em uma planície alagável, há preocupação de que ele seja arrastado para o rio Cherwell, que passa pelo campus da Universidade de Oxford antes de se juntar ao Tâmisa, que segue até Londres e deságua no mar.
Investigação criminal
Embora o caso só tenha vindo a público na semana passada, a Agência Ambiental da Inglaterra afirmou ter identificado a área como um ponto de alto risco para descarte ilegal após tomar conhecimento dela em julho e ter emitido uma ordem de paralisação.
No mês passado, a agência obteve uma ordem judicial para fechar o local após constatar a continuidade do despejo, que agora é investigado como crime.
Ainda não se sabe quando o despejo começou, mas imagens de satélite obtidas pela Thames21 mostraram campos verdes em abril de 2024 e o que parecia ser uma faixa esbranquiçada de lixo entre duas fileiras de árvores em julho deste ano.
Semanas antes de o público saber do depósito, às margens da rodovia A34, perto do vilarejo de Kidlington, o governo já vinha sendo criticado por um comitê do Parlamento por agir lentamente diante de um problema que, segundo a agência, custa 1 bilhão de libras (R$ 6,9 bilhão) por ano à economia inglesa.
Toneladas de lixo em rio do Reino Unido causaram indignação nacional
Sky News via AP
A quantidade de lixo descartada ilegalmente todos os anos seria suficiente para encher 35 vezes o estádio de Wembley, que tem 90 mil lugares, afirmou o Comitê de Meio Ambiente e Mudança Climática da Câmara dos Lordes em um relatório recente.
O comitê pediu ao governo que adote medidas mais duras contra os grupos criminosos suspeitos de estar por trás do problema.
“Apesar da escala e da gravidade desses crimes, denunciados por cidadãos em muitos casos, encontramos múltiplas falhas da Agência Ambiental e de outras autoridades, desde respostas lentas a denúncias públicas repetidas até uma lamentável falta de condenações bem-sucedidas”, disse Shaista Ahmad Sheehan, presidente do comitê.
Um problema cada vez mais comum
O descarte de todo tipo de coisa, de sacos de lixo doméstico a eletrodomésticos e móveis, em áreas urbanas e rurais virou um problema crescente.
Conhecida no Reino Unido como “fly-tipping” — o ato de jogar lixo às escondidas, muitas vezes de um veículo em movimento —, o hábito preocupa proprietários de terras e governos locais, além de ser uma mancha na imagem de um país que se orgulha de sua paisagem natural.
O grupo ambiental Keep Britain Tidy afirmou que dados oficiais registraram mais de 1,1 milhão de casos de fly-tipping entre 2023 e 2024.
Muitas vezes feita por transportadores ocasionais que oferecem remover entulho por um preço baixo, usando vans ou caminhões sem identificação, é prática é uma infração difícil de coibir e cara de resolver para donos de terras responsabilizados quando o lixo é jogado em suas propriedades.
Placas com o aviso “Proibido despejar lixo” são comuns em áreas isoladas e estradas rurais, onde amontoados de detritos ao longo das cercas não são raros.
Montanhas colossais de resíduos despejadas por grupos organizados com caminhões representam um desafio ainda maior.
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