Cosan
Divulgação
As ações da Cosan despencavam nesta segunda-feira (22), após o anúncio de uma capitalização de até R$ 10 bilhões, em uma operação que pretende otimizar a estrutura de capital e fortalecer a governança do grupo, mas que também trará forte diluição aos acionistas.
A Cosan destacou que os recursos não serão destinados à capitalização da Raízen, o que também pressionava as ações da companhia, uma joint venture entre Cosan e Shell.
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Por volta das 11h, as ações da Cosan caíam 19,73%, a R$ 6,01, enquanto a Raízen recuava 7,75%, a R$ 1,19, liderando as perdas do Ibovespa, que tinha queda de 0,75%.
Na mínima do dia, a Cosan chegou a R$ 5,63, o que representa uma perda de quase R$ 3,5 bilhões em valor de mercado em comparação à sexta-feira.
Desinvestimento com melhor qualidade
A entrada de novos sócios na Cosan é vista como um passo importante e urgente para reduzir a alavancagem financeira e dar mais tempo ao grupo para realizar desinvestimentos de forma mais estratégica, afirmaram executivos do conglomerado nesta segunda-feira.
Em teleconferência para detalhar a transação, o diretor financeiro Rodrigo Araujo e o presidente da Cosan, Marcelo Martins, afirmaram que o acordo é resultado de um “longo processo competitivo”, no contexto da tentativa do grupo de reduzir seu alto endividamento, agravado pela alta dos juros no Brasil no último ano.
A dívida líquida da Cosan somava R$ 17,5 bilhões ao fim do segundo trimestre.
Eles ressaltaram, porém, que este não é o “único passo” de desalavancagem. A empresa seguirá buscando a venda de ativos, mas agora com mais fôlego para esperar condições de mercado mais favoráveis.
“As condições de mercado para vendas de ativos têm sido bastante ruins… Nós buscamos alternativas através de investidores privados, que poderiam aportar capital resolvendo imediatamente a nossa questão da alavancagem”, disse o CEO da Cosan.
“Agora nós temos fôlego, temos tempo, tranquilidade, junto com nossos sócios, para definir a estratégia de desinvestimento no tempo que será necessária para chegar no endividamento próximo ou zero, que é nosso objetivo final nos próximos anos”, acrescentou.
Os executivos ressaltaram ainda que a operação não traz apenas ganhos financeiros, mas também de governança, por envolver dois grupos renomados, com importante experiência, e alinhados ao controlador Rubens Ometto na visão de futuro para a Cosan.
A Aguassanta, veículo de Ometto, seguirá como sócia controladora da Cosan, com 50,01% das ações vinculadas ao acordo. O novo acordo de acionistas terá validade de 20 anos.
Ometto, ou alguém indicado por ele, continuará como presidente do conselho de administração da Cosan por três mandatos (seis anos). A Aguassanta poderá nomear cinco conselheiros, incluindo um independente, enquanto BTG Pactual e Perfin Infra indicarão quatro, também com um independente cada.
“É importante ter um acordo (de acionistas) longevo, 20 anos. Durante esses seis anos iniciais, não há mudança na estrutura, a partir daí, há possibilidade de se vincular ações… eventualmente mudando o desenho inicial estabelecido. Isso significa basicamente fazer uma transição estruturada na sucessão do acionista controlador, de forma que ele também possa continuar controlador a partir do sexto ano”, disse Martins.
Sobre a Raízen, que não receberá recursos da capitalização da Cosan, o diretor financeiro afirmou que a companhia segue em busca de sócios para reduzir o endividamento da produtora de açúcar e etanol.
A Raízen encerrou o segundo trimestre com dívida líquida de R$ 49,2 bilhões.
Além da Raízen, o portfólio da Cosan inclui a Rumo, a Compass, a Moove e a Radar, que atuam em logística ferroviária, gás natural, lubrificantes e gestão de propriedades agrícolas, respectivamente.
Cosan fecha acordo com BTG e Perfin
A Cosan anunciou neste domingo (21) um acordo com seus acionistas e investidores estratégicos, incluindo BTG Pactual e Perfin, para estruturar duas ofertas públicas primárias de ações e captar até R$ 10 bilhões.
A primeira oferta prevê a venda inicial de 1,45 bilhão de ações ordinárias, com possibilidade de acréscimo de 25%. Os investidores-âncora se comprometeram a adquirir todo o lote mínimo, assegurando R$ 7,25 bilhões, a R$ 5 por ação.
A segunda oferta poderá incluir até 550 milhões de ações ordinárias, além das subscritas na primeira. O preço por ação será o mesmo, e não haverá período de lock-up — ou seja, as ações dessa etapa poderão ser vendidas imediatamente pelos investidores.
As duas operações, juntas, não devem ultrapassar o limite de 2 bilhões de novas ações. Se necessário, a segunda oferta será ajustada para respeitar esse teto. Assim, o valor total a ser captado pode chegar a até R$ 10 bilhões.
A Cosan informou que os recursos das duas ofertas serão destinados exclusivamente à renegociação e quitação de dívidas, visando reduzir a alavancagem e recuperar a flexibilidade financeira.
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