Thalia celebra 30 anos de ‘Maria do Bairro’ e ‘En Éxtasis’
Nos anos 1990, a atriz mexicana Thalia colocou uma geração inteira no sofá para assistir à “Trilogia das Marias”, composta pelas novelas “Maria Mercedes”, “Marimar” e “Maria do Bairro”. A última, em específico, representa o alcance de uma marca muito especial para a popstar em 2025: os 30 anos desde o lançamento da novela, que a fez ser “catapultada” ao estrelato em toda a América Latina.
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O g1 entrevistou a artista, que fez uma retrospectiva sobre sua carreira e confessou que, até hoje, fica surpresa com a recepção calorosa dos brasileiros, causada pelo sucesso estrondoso da novela, hoje disponível no Globoplay. No projeto, Thalia, caracterizada como Maria, contracenou momentos icônicos com a vilã Soraya Montenegro, interpretada pela atriz Itatí Cantoral. Assista acima.
“Nunca imaginei que essas novelas tão maravilhosas tivessem tanto alcance e tocassem o coração de tanta gente. ‘Maria do Bairro’ me encheu de alegria, de satisfação, de amor, e fez a vida ser prazerosa”, conta.
“A Maria tinha muito amor para dar a todos à volta e eu aprendi isso com essa personagem tão maravilhosa. A novela é uma benção de Deus que chegou na minha vida por meio da atuação”, complementa.
Thalia está celebrando os 30 anos de ‘En Éxtasis’ e da novela ‘Maria do Bairro’
Reprodução/Facebook
Consequentemente, a carreira musical de Thalia também atingiu um sucesso invejável. Seu quarto álbum, “En Éxtasis”, também completa três décadas e, além de a versão física ser um item de colecionador, este é considerado o álbum de uma cantora mexicana mais vendido em território brasileiro até hoje.
Mesmo assim, a intérprete de “No Me Enseñaste” está há muito tempo sem se apresentar no país. Sua última aparição profissional aconteceu em 2000, quando estava divulgando o álbum “Arrasando”, e, de acordo com ela, não voltou antes por “falta de convites”.
“Estou sem aparecer porque não me mandam um convite oficial (risos). Naquela época, nós fizemos uma verdadeira festa nos estúdios e nos programas de televisão. Agora, é a hora de vocês me chamarem para voltar! Quero me juntar aos brasileiros para dançar e poder fazer tudo o que fazíamos antigamente. Quero me conectar com os fãs que estão descobrindo a novela agora”, revela.
Thalia diz que gostaria de voltar ao Brasil em breve
Sony/Divulgação
O Brasil, para Thalia, representa uma segunda família. Apesar de não retornar ao país há muito tempo, ela guarda com apreço as memórias que criou durante os períodos promocionais de seus trabalhos em território brasileiro.
“O Brasil é maravilhoso. Eu gosto demais da comida e da festança, mas é impossível não lembrar das pessoas que me acolheram. Silvio Santos foi como um pai para mim, e o Gugu foi como um irmão, além dos meus fãs incríveis. É um carinho de irmandade muito grande, eu sempre disse que tenho uma segunda família por aí”, recorda.
Globalização da música latina
Desde a década passada, a música latina passou por grandes transformações. Os ritmos mais tradicionais, como a salsa e a cúmbia de “En Éxtasis”, foram ficando de lado e dando espaço a novos gêneros e estrelas ainda mais globais, como as rimas de Bad Bunny e o reggaeton de Karol G.
Thalia é considerada veterana e, consequentemente, uma das pioneiras da exportação da música latina mundo afora. No entanto, isso não significa que a mexicana tenha sido passada para trás: com 9,3 milhões de ouvintes mensais no Spotify e 22,1 milhões de seguidores no Instagram, ela acredita que conseguiu se adaptar muito bem às modernidades da “era dos streamings”.
‘Maria do Bairro’ foi sucesso de audiência
Reprodução
“Me adaptar é me abrir a todos os novos compositores e produtores do mercado. Eu gosto muito de conhecer o universo da nova geração e entender o que eles têm na cabeça quando se trata de música. Quando você colabora com uma nova equipe de músicos, você absorve uma nova energia e muda a sua visão de tudo”, explica.
“É um elemento importante que tem sido uma necessidade para mim. Não estou buscando uma estratégia musical, mas, sim, como uma curiosidade. Eu sou uma pessoa muito curiosa. Gosto de conhecer novos compositores e ‘inspecionar’ as mentes mais jovens”, completa.
A artista, que é casada com o empresário Tommy Mottola – nome responsável por gerenciar grandes talentos da música ocidental no século 20, como Celine Dion e o Destiny’s Child de Beyoncé – é fã declarada de artistas latinos mais novos. Em 2018, ela colaborou com Natti Natasha para o sucesso “No Me Acuerdo”, cujo clipe já ultrapassou a marca de 1,5 bilhão de visualizações no YouTube. Assista acima.
“Se eu disser que gosto de um, outros acabam ficando chateados comigo. Eu admiro todos os artistas latinos, mas a verdade é que a música latina possui um poder, uma força e uma vibração que eleva a alma. Temos demonstrado isso através dos anos e os ‘booms’ latinos são a prova disso. Todos querem cantar em espanhol. É um presente para a nossa cultura, que é feita de festa”, celebra.
30 anos… e contando
Com toda certeza, Thalia não pretende deixar as três décadas de “Maria do Bairro” e “En Éxtasis” passarem sem comemoração. Nas redes sociais, a popstar publicou fotos cortando um bolo vestida de Maria e, além disso, anunciou uma versão remasterizada do disco, que conta com a memorável “Piel Morena”.
“Eu estive celebrando no estúdio e, claro, comi um bolo de doce de leite, que é o meu sabor favorito. Mas, no meio de tudo isso, o que me deixa mais maravilhada são as postagens dos fãs para a Maria. Alguns fãs brasileiros chegaram a desenhar uma camiseta dela chamando-a de drama queen e me mandaram de presente [risos]”, diz.
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Mas as celebrações não param por aí: a cantora está nos ajustes finais do seu próximo álbum de estúdio, ainda sem nome revelado. O projeto é o primeiro desde “Navidad Melancólica”, seu primeiro disco natalino, lançado em novembro de 2024.
“Além das comemorações da novela, estou nos toques finais do meu próximo disco. Eu estou verdadeiramente apaixonada por este novo projeto, porque são canções vibrantes e que me representam muito bem. Ele já tem um nome escolhido, mas ainda não posso dizer. A essência dele está ótima e saborosa”, destaca.
O ‘fenômeno Thalia’
Thalia Francine possui este nome por conta da cantora mexicana
Arquivo pessoal
Segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), foram registrados 13.095 nascimentos de bebês chamadas Thalia – e mais 30 mil Talias – durante o período de sucesso da cantora no Brasil.
Na visão da estrela mexicana, sua fama foi responsável por parte da “explosão” de registros, já que o nome não é considerado comum no país. Ao analisar a linha do tempo, a resposta positiva chega a ser inevitável.
“Queria poder me encontrar com todas as mães brasileiras que colocaram o nome de suas respectivas filhas de Thalia. Queria conhecer as suas filhas queridas e celebrar, festejar e viver a união. Estamos falando de 30 anos depois, a nova geração está conhecendo e gostando dessa novela tão linda”, descreve.
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Thalia Francine, de Sorocaba (SP), é um dos frutos do “fenômeno Thalia” que aconteceu no país. Nascida em outubro de 1998, ela conta que seu nome foi escolhido após a cantora desfilar pela Imperatriz Leopoldinense durante o carnaval carioca daquele ano.
“Meu pai sempre foi fascinado pela Thalia a ponto de assistir a todas as novelas e reprises. Quando ele viu ela desfilando no carnaval do Rio de Janeiro (RJ), a escolha do meu nome não poderia ser outra. Eu até brinco que gostaria de ter 10% do talento que ela tem [risos]”, se diverte.
Thalia no carnaval carioca de 1998, desfilando pela Imperatriz Leopoldinense
Reprodução/Redes sociais
Mesmo que em uma intensidade menor, a vigilante conta que, assim como o pai, é interessada pelo trabalho da estrela da Cidade do México. Para ela, as telenovelas representam um marco na cultura do país.
“Meu pai é um superfã dela, então, não tem nem comparação. Não posso dizer que sou tão fã quanto ele porque eu era muito criança no período maior de fama dela, mas eu gosto bastante das novelas e de alguns trabalhos dela”, comenta.
Mas o interesse pela carreira da figura pop surgiu muito tempo depois. Antigamente, ela ficava incomodada de ser comparada à Thalia frequentemente – até perceber quem realmente era.
“Eu tinha bastante bronca de quando me comparavam com ela. Sempre que eu dizia meu nome, eu era apelidada de Maria do Bairro, Maria Mercedes ou Marimar. Mas, depois, eu fui vendo o trabalho dela e percebendo o quanto ela era belíssima. Depois, deixei me compararem a ela à vontade”, recorda.
De geração para geração
Vinícius Camacho é fã da cantora mexicana desde a época da escola
Arquivo pessoal
O psicólogo Vinícius Camacho Prestes, também de Sorocaba, se considera um “fã de carteirinha” da protagonista de “Rosalinda”. Ao g1, ele explica que a paixão pela atriz veio de forma geracional, por meio de sua mãe.
“Eu cresci sabendo quem era a Thalia. Minha mãe era louca por ela na época da exibição original das novelas mexicanas aqui no país, então, desde criança, eu já tinha uma base de quem era ela. Mas foi na pré-adolescência que eu realmente mergulhei na discografia dela”, lembra.
A partir de então, Vinícius nunca mais deixou de acompanhar o trabalho da diva pop latina. Mesmo com o sucesso das novelas, sua preferência maior é pelas canções, já que é um grande fã da música latino-americana.
“Eu vi todos os filmes, novelas e músicas. Mas, para mim, ‘A Quién Le Importa’ é um verdadeiro hino. Eu consegui entender a minha história por conta das músicas dela. Essa, em específico, fala sobre aceitação e não se importar com o que os outros pensam”, diz.
Thalia fez muito sucesso no país durante a década de 1990
Thalia/Divulgação
“Essa música foi como se fosse um mantra de libertação para mim. Quem se importa com as coisas que eu faço ou deixo de fazer? A partir disso, a Thalia se tornou um grande momento da minha vida. Ela representa muito para mim”, complementa.
Para o psicólogo, a trajetória da cantora é um símbolo de força para continuar. Ele crê que, graças às mensagens de Thalia nas canções, conseguiu superar momentos difíceis da vida, como o bullying no período escolar.
“Ela sempre esteve na indústria desde nova e nunca mudou a essência. Ela carrega a mensagem do amor, que é, sim, possível se amar e que a arte é um caminho para isso. Na escola, durante o bullying, as músicas dela funcionaram como uma âncora para mim. O que ela transmitia foi capaz de me tornar uma pessoa melhor e mais forte”, desabafa.
‘Vi ela de pertinho!’
Douglas é fã da Thalia desde a infância
Arquivo pessoal
Assim como Vinícius e 90% dos brasileiros que conhecem a cantora, Douglas Sposito teve seu primeiro contato por meio das novelas de sucesso, apresentadas pela mãe. Mas a “virada de chave” foi uma participação dela em um programa de entretenimento no fim dos anos 1990.
“Eu e minha família começamos a assistir ‘Maria Mercedes’ e, depois, outras foram passando. Virou uma cultura muito familiar dentro da minha casa. Quando ela fez uma participação em um programa, ainda dublada e sem vir ao país, eu me apaixonei. Super bonita e diferente da novela. Só pensava nela e em ver as coisas dela. Na época, comprei muitos CDs”, pontua.
No caso do morador de Sorocaba, a “paixão de fã” não era nem um pouco passageira. Ainda na adolescência, ele se reunia com outros amigos para trocar fotos de artistas e, para ele, as de Thalia eram a prioridade.
“Eu levava revistas para a escola e trocava fotos com os meus amigos. Trocava todas as fotos: das Spice Girls, Backstreet Boys, Leonardo DiCaprio – pelas da Thalia. No ensino médio, eu comecei a aprender espanhol por minha conta e eu já escutava as músicas dela há tempos. Comprei um dicionário, mas, de tanto ouvi-la e vê-la, eu acabei me tornando fluente no idioma”, afirma.
“Eu tinha tudo dela. Fitas VHS gravadas, registros de apresentações brasileiras, álbuns com as letras das músicas, caderno de traduções… Tudo era sobre Thalia. Depois que me formei no ensino médio, arrumei um emprego e parte do salário era sempre em algum CD dela”, completa.
Douglas conheceu a cantora durante uma apresentação no México
Arquivo pessoal
Conhecer a carreira da popstar como ninguém e ter tudo sobre ela parecia o suficiente, mas não para Douglas. Em 2016, ele viajou ao México para vê-la “de pertinho”, mas, por pouco, o sonho correu um risco sério de ir por água abaixo.
“Na semana do meu aniversário de 31 anos, eu consegui viajar até lá para ver um show dela. O lugar tinha uma lista de nomes e o meu não estava em lugar nenhum, até que uma menina que eu não conhecia me chamou pelo nome e jogou uma camiseta que permitia o acesso. Eu fui a última pessoa a entrar”, descreve.
Para ele, conhecer a cantora pessoalmente foi a realização de um sonho de infância. Após a apresentação, eles chegaram a tirar uma foto juntos e tiveram um diálogo que, de acordo com Douglas, foi bem descontraído.
“Eu tive essa oportunidade e ela foi uma pessoa muito brincalhona com todo mundo. Ela é bem diferente do que nós imaginamos. No palco, ela é uma figura muito sensual e uma mulher totalmente distinta, como se fosse um personagem. O olhar dela se transforma. Ela é uma verdadeira intérprete. Agora, eu fico no aguardo de uma turnê nova, já que a última aconteceu há quase dez anos”, finaliza.
*Colaborou sob supervisão de Ana Paula Yabiku
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