Desemprego fica estável no trimestre fechado em agosto e repete mínima histórica
A taxa de desemprego no Brasil ficou em 5,6% no trimestre móvel encerrado em agosto, segundo a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (Pnad Contínua), divulgada nesta terça-feira (30) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
O percentual se manteve em relação ao trimestre encerrado em julho, quando a taxa de desocupação atingiu o menor nível da série histórica do IBGE, iniciada em 2012. No trimestre encerrado em maio, a taxa era de 6,2%, enquanto no mesmo período de 2024 havia sido de 6,6%.
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Ao todo, 6,084 milhões de pessoas estavam sem emprego no país — o menor número já registrado na série histórica. Esse resultado representa uma queda de 9% (605 mil pessoas) em relação ao trimestre anterior e de 14,6% (cerca de 1 milhão de pessoas) na comparação com o mesmo período de 2024.
Emprego com carteira assinada no setor privado bate recorde
A população ocupada no país atingiu um recorde de 102,4 milhões de pessoas no período.
Desse total, os empregados com carteira assinada no setor privado (excluindo trabalhadores domésticos) também bateram recorde na série do instituto, chegando a 39,1 milhões.
Em relação ao trimestre encerrado em maio, o número permaneceu estável, mas cresceu 3,3% no ano, o equivalente a 1,2 milhão de pessoas que assinaram a carteira em 2025.
Dois setores principais analisados puxaram a ocupação no trimestre:
Administração pública, saúde, educação e serviços sociais (+1,7%, ou mais 323 mil pessoas);
Agricultura, pecuária, produção florestal, pesca e aquicultura (+4,4%, ou mais 333 mil pessoas).
Por outro lado, o grupo de serviços domésticos registrou queda de 3,0%, o que equivale a 174 mil pessoas a menos. Os demais setores analisados pelo IBGE permaneceram estáveis.
O nível de ocupação, que mede a proporção de pessoas em idade de trabalhar que estão empregadas, alcançou 58,8%, aumento de 0,2 ponto percentual em relação ao trimestre anterior.
Segundo o analista da pesquisa, William Kratochwill, embora o número de trabalhadores com carteira tenha atingido recorde, a redução da desocupação no período foi impulsionada pelos trabalhadores sem carteira no setor de educação pública.
Esse grupo avançou 5,5% em relação ao trimestre encerrado em maio e permaneceu praticamente estável (0,8%) na comparação com o mesmo período de 2024.
“A educação pré-escolar e fundamental fazem contratações ao longo do primeiro semestre. São trabalhadores sem carteira, com contratos de trabalho temporários”, explica.
A categoria de trabalhadores domésticos, estimada em 5,6 milhões de pessoas, registrou queda de 3,3% em relação ao trimestre de março a maio de 2025. Na comparação com o período de junho a agosto de 2024, o recuo foi de 197 mil pessoas.
Kratochwill explica que, em períodos de maior dificuldade econômica, há migração para os serviços domésticos. Atualmente, o movimento é inverso: “Os trabalhadores encontram melhores oportunidades, com condições e rendimentos mais vantajosos, e deixam os serviços domésticos”, avalia.
Veja os destaques da pesquisa
Taxa de desocupação: 5,6%
Taxa de subutilização: 14,1%
População desocupada: 6,084 milhões
População ocupada: 102,4 milhões
População fora da força de trabalho: 65,8 milhões
População desalentada: 2,7 milhões
Empregados com carteira assinada: 39,1 milhões
Empregados sem carteira assinada: 13,5 milhões
Trabalhadores por conta própria: 25,9 milhões
Trabalhadores informais: 38,6 milhões
Menor subutilização desde 2012; desalentados registram recuo
De acordo com a pesquisa do IBGE, a taxa composta de subutilização atingiu 14,1%, repetindo o menor patamar da série. Esse índice representa queda de 0,8 ponto percentual em relação ao trimestre anterior (14,9%) e de 1,9 ponto percentual ante o mesmo período de 2024 (16,0%). Atualmente, 16 milhões de pessoas estão nessa situação.
O IBGE classifica como força de trabalho subutilizada aqueles que estão desocupados, subocupados por insuficiência de horas, ou que não procuraram trabalho apesar de estarem disponíveis, assim como aqueles que buscaram emprego, mas não estavam disponíveis para assumir a vaga.
O percentual de desalentados, que são aqueles que desejam trabalhar, mas desistiram de buscar emprego, ficou em 2,4%, apresentando queda de 0,2 ponto percentual no trimestre e 0,4 ponto percentual em relação ao ano anterior.
Segundo o analista da PNAD Contínua, a melhora no mercado de trabalho tem incentivado esse grupo a retomar a busca por emprego e reintegrar-se à força de trabalho.
“A queda na quantidade de desalentados indica que o mercado de trabalho está conseguindo absorver rapidamente esse contingente, uma vez que a taxa de desocupação segue caindo”, diz.
Informalidade aumenta
A taxa de informalidade atingiu 38% da população ocupada, equivalente a 38,9 milhões de pessoas, contra 37,8% (38,6 milhões) no trimestre anterior e 38,9% (39,1 milhões) no trimestre encerrado em agosto de 2024.
O crescimento foi impulsionado pelos trabalhadores por conta própria sem CNPJ, que chegaram a 19,1 milhões, alta de 1,9% em relação ao trimestre anterior e de 2,9% em comparação com 2024.
Segundo o IBGE, esse movimento reflete a preferência de muitos brasileiros pelo trabalho autônomo. São, em geral, pessoas com menor escolaridade, atuando principalmente em comércio e alimentação. Parte dos desalentados, por exemplo, pode ter migrado para a informalidade.
Carteira de Trabalho e Previdência Social (CTPS)
Divulgação/Agência Brasil
Entenda como o desemprego é calculado no Brasil