
Presidente da Colômbia sofre sanções do governo Trump
O governo Trump sancionou nesta sexta-feira (24) o presidente da Colômbia, Gustavo Petro, anunciou o Tesouro dos Estados Unidos. A sanção bloqueou bens de Petro, da primeira-dama e de um de seus filhos.
Para justificar as sanções impostas, o Tesouro americano acusou Petro de estar envolvido com o narcotráfico, porém não apresentou provas para sustentar a acusação.
Gustavo Petro
REUTERS/Luisa Gonzalez
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A sanção econômica ocorre após Petro e Trump terem trocado ofensas nos últimos dias, porque o presidente colombiano criticou publicamente os ataques dos EUA a barcos no mar do Caribe e no Oceano Pacífico. Petro acusou o presidente americano de fazer “execuções extrajudiciais”. Trump, por sua vez, chamou-o de “líder narcotraficante”. (Leia mais abaixo)
Em resposta à sanção, Petro negou a acusação, disse que combate o narcotráfico há décadas e que não ficará “de joelhos”.
“De fato, a ameaça de Bernie Moreno se cumpriu: eu, meus filhos e minha esposa entramos na lista OFAC. (…) Lutar contra o narcotráfico durante décadas e com eficácia me traz esta medida do governo da sociedade à qual tanto ajudamos para combater o consumo de cocaína. Toda uma paradoxa, mas nem um passo atrás e jamais de joelhos”, afirmou Petro.
Donald Trump chama presidente da Colômbia, Gustavo Petro, de traficante
Entre as medidas anunciadas estão o congelamento de quaisquer bens que Petro, seu filho mais velho Nicolas Petro Burgos, a primeira-dama Veronica Garcia e Armando Villaneda possuam nos EUA. O mesmo vale para qualquer empresa no nome deles registrada no país. A sanção também proíbe cidadãos americanos de fazer negócios com eles.
Entre os argumentos utilizados para aplicar a sanção econômica ao presidente colombiano estão:
Permitir que os cartéis de drogas prosperassem na Colômbia;
Proporcionar benefícios a organizações narcoterroristas.
Segundo o Tesouro dos EUA, as ações do líder colombiano “levaram a níveis recordes de cultivo de coca e produção de cocaína”. O filho de Petro, a primeira-dama e Villaneda foram chamados pelo Tesouro americano de facilitadores das ações de Petro.
O comunicado do Tesouro americano lembrou quando Petro comparou cocaína ao uísque, em fevereiro, quando disse que “cocaína não é pior que uísque” para criticar a abordagem do governo dos EUA no combate às drogas consumidas pelos americanos.
Petro critica ataques dos EUA a barcos no Caribe
EUA bombardeiam mais um barco no Pacífico
Um dia antes, na quinta-feira (23), Petro acusou o governo americano de estar cometendo “execuções extrajudiciais” em seus ataques no Caribe e no Oceano Pacífico.
Durante uma coletiva de imprensa em Bogotá, o líder colombiano voltou a fazer críticas ao movimento militar feito por Washington desde agosto em águas internacionais, e afirmou que os supostos traficantes de drogas deveriam ser levados à Justiça, e não assassinados.
“Nesse tipo de manobras, que acreditamos violar o direito internacional, os Estados Unidos (…) estão cometendo execuções extrajudiciais. Há um uso desproporcional da força que é punido pelo direito internacional humanitário”, declarou.
Desde 2 de setembro, Washington ataca embarcações que supostamente transportam drogas e publica vídeos dos destroços em chamas. O total de barcos alvejados já chegaram a 10, e mais de 40 pessoas morreram.
Ao menos um dos ataques ocorreu perto de águas colombianas, segundo uma fonte militar.
A Colômbia denuncia que, ao longo dessas operações, os Estados Unidos violaram águas nacionais e, em um desses ataques, assassinaram um pescador colombiano.
“O mar do Caribe está repleto de navios de guerra, aeronaves navais e mísseis. (…) Inclusive, um pescador de Santa Marta foi assassinado em seu barco. Quando anularam a certificação antidrogas, achamos muito paradoxal e, obviamente, recebemos isso como se fosse um insulto”, disse Petro à imprensa nesta quinta.
Desde que Petro começou a fazer críticas a Trump nas redes sociais, os dois presidentes entraram em uma guerra de palavras que oscila em tom.
Os Estados Unidos retiraram a Colômbia da lista de países aliados na luta contra o narcotráfico neste ano e revogaram o visto de Petro e de vários de seus funcionários. Trump também acusou Petro de ser um “líder narcotraficante” e um “meliante”.
“O senhor Trump me caluniou e insultou a Colômbia”, respondeu Petro em uma coletiva de imprensa ao ser questionado sobre as acusações do presidente dos EUA.
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Um dia antes da coletiva, nesta quarta-feira, um grupo independente de especialistas na Organização das Nações Unidas (ONU) já havia feito críticas aos bombardeios dos EUA.
O grupo, nomeado pelo Conselho de Direitos Humanos, disse que os ataques violam o direito internacional. Apesar da justificativa de Trump de combater o tráfico de drogas, os especialistas apontam que “mesmo que tais alegações fossem comprovadas, o uso de força letal em águas internacionais sem base legal adequada viola o direito internacional do mar e equivale a execuções extrajudiciais”.
“Esses movimentos são uma escalada extremamente perigosa com graves implicações para a paz e a segurança na região do Caribe”, disseram eles em um comunicado.
O grupo afirmou ter entrado em contato com os EUA sobre o assunto e disse que uma ação militar secreta ou direta contra outro Estado soberano constituiria “uma violação ainda mais grave” da Carta da ONU.
No dia 19 de setembro, a Procuradoria da Venezuela pediu à ONU que investigue os ataques dos Estados Unidos a barcos no Caribe.


