Exército israelense divulga fotos que diz ser de preparativos para o envio aéreo de ajuda a Gaza
Divulgação/IDF
Israel anunciou neste sábado (26) que retomou o envio de comida por meio de aviões a Gaza. Além disso, informou que vai permitir a abertura de corredores humanitários para entrega de ajuda por terra e a implementação de pausas humanitárias em áreas densamente povoadas do território palestino.
O anúncio foi feito pelo Exército israelense em meio à pressão internacional em razão da crise humanitária vivida pelos moradores do enclave, controlado pelo grupo terrorista Hamas.
“Os lançamentos aéreos incluirão sete paletes de ajuda contendo farinha, açúcar e alimentos enlatados, a serem fornecidos por organizações internacionais”, acrescentaram os militares em um comunicado.
Os corredores humanitários serão usados para permitir a movimentação segura de comboios da Organização das Nações Unidas (ONU) que entregam alimentos e medicamentos à população da região, segundo o Exército israelense.
Na sexta-feira (25), o Exército israelense já tinha anunciado que iria retomar o envio aéreo de alimentos ao enclave, mas ainda não tinha confirmado a data.
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Mais cedo neste sábado, o Reino Unido anunciou que pretende intensificar sua atuação humanitária em Gaza, com a evacuação de crianças feridas e doentes e o envio de suprimentos por via aérea. A iniciativa foi anunciada pelo primeiro-ministro britânico, Keir Starmer, após conversas com os líderes da França e da Alemanha.
Durante a conversa com o presidente francês Emmanuel Macron e o chanceler alemão Friedrich Merz, os três líderes classificaram a situação humanitária na região como “terrível” e defenderam a construção de um plano robusto para transformar um possível cessar-fogo em uma paz duradoura. O plano deve incluir outros países da região, segundo o governo britânico.
Fome extrema em Gaza
Reuters e AFP
A ajuda aérea em Gaza já foi permitida em outros momentos da guerra, travada no território palestino entre Israel e o grupo terrorista Hamas desde o ataque terrorista de 7 de outubro de 2023, que matou 1.200 israelenses e outros 250 foram feitos reféns.
A volta da permissão da ajuda aérea ocorre em um momento de agravamento da crise humanitária em Gaza, com crescente desnutrição e alastramento da fome entre os dois milhões de palestinos. Israel tem enfrentado um aumento de críticas e pressão internacional para que mais alimentos cheguem à população de Gaza.
A ONU descreve a atual situação como um “show de horrores”, e mais de 100 ONGs especializadas denunciam “fome em massa” no território. Relatos de fome extrema e generalizada se tornaram mais frequentes, e pelo menos 45 pessoas morreram de fome em Gaza desde o início desta semana, segundo a Agência da ONU para Refugiados Palestinos (UNRWA, na sigla em inglês).
Um vídeo divulgado pela agência Reuters na quinta-feira mostrou crianças palestinas atendidas com desnutrição severa em um hospital de Khan Younis, em Gaza. O World Food Program (WFP), braço das Nações Unidas dedicado à alimentação, disse nesta sexta-feira que quase um terço da população palestina “não come durante dias seguidos”, afirmou o WFP nesta sexta.
A história por trás da chocante foto do bebê faminto de Gaza
ONU afirma que tem o equivalente a 6 mil caminhões de alimentos esperando para entrar em Gaza
Getty Images
Criticada pelo modelo de distribuição de ajuda humanitária adotado em Gaza, o governo Netanyahu culpa a ONU e o grupo terrorista Hamas por impedir que os alimentos cheguem à população palestina. A ONU e ONGs afirmam que são impedidos de operar em Gaza, e que um sistema humanitário adequado é boicotado por Israel.
Os lançamentos aéreos, no entanto, não são o método mais indicado para a ajuda humanitária, porque eles têm um impacto limitado e não é garantido que realmente cheguem à população local, segundo especialistas. A ONU afirma que a melhor forma de acudir os palestinos é removendo todos os bloqueios terrestres à entrada de ajuda.
O WFP também disse esta semana que a crise de fome em Gaza atingiu “novos e surpreendentes níveis de desespero, com um terço da população sem comer por vários dias seguidos”.
“‘As pessoas em Gaza não estão nem mortas nem vivas, são cadáveres ambulantes’: disse-me um colega em Gaza nesta manhã”, disse Philippe Lazzarini, comissário-geral da UNRWA, na quinta-feira (24).
“Enquanto isso, de acordo com as últimas descobertas da UNRWA: uma em cada cinco crianças está desnutrida na cidade de Gaza, com o número de casos aumentando a cada dia […]. A maioria das crianças atendidas por nossas equipes está fraca e corre alto risco de morrer se não receber o tratamento de que necessita urgentemente.”
A operação militar de Israel em Gaza matou mais de 59.100 palestinos, a maioria civis, segundo o Ministério da Saúde de Gaza, controlado pelo Hamas.
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