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terça-feira, novembro 18, 2025
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HomeEntretenimentoJards Macalé era ‘inteligente’, ‘sagaz’, ‘bem-humorado’: amigos e fãs lembram artista em velório

Jards Macalé era ‘inteligente’, ‘sagaz’, ‘bem-humorado’: amigos e fãs lembram artista em velório

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Amigos e parentes no velório de Jards Macalé
Cristina Boeckel / g1
O velório de Jards Macalé, que acontece nesta terça-feira (18) no Palácio Gustavo Capanema, no Centro do Rio, se tornou um memorial das lembranças do artista, que morreu na segunda (17). Familiares, amigos e fãs lembraram dele de diversas formas. Revolucionário, inteligente e sagaz foram algumas das lembranças.
O corpo de Jards Macalé deve ser velado até 15h. Depois, será levado para o Cemitério São João Batista, onde será enterrado.
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A escolha do local não foi por acaso. Foi um pedido do artista que o amigo e produtor Júlio Barroso, que trabalhava com ele desde os anos 1990 ajudou a tornar realidade.
“Esse lugar é emblemático para a cultura e a música”, disse Júlio.
Corpo de Jards Macalé é velado no Rio
Cristina Boeckel / g1
Ele descreve o artista como “revolucionário”.
“Acima de tudo, era um inconformado. A música dele era visceral. Eu o coloco no patamar que Jorge Mautner e Chico Science. Artistas revolucionários”, destacou Júlio.
A viúva, Rejane ZIlles, com quem era casado há 14 anos, destacou que fica o vazio da ausência, mas a obra serve de inspiração para as próximas gerações.
A gente perde uma pessoa incrível, com quem vivi muitos anos e muitas alegrias. É triste fazer essa despedida hoje, mas é uma pessoa que iluminou tantas vidas com sua obra. Tenho o conforto de saber o quanto ele deixou de legado”, afirmou atriz e cineasta.
Ao lado do caixão, objetos que faziam parte do dia a dia do músico e lembravam eras da carreira musical foram colocados em uma mesa como um pequeno museu cotidiano.
Amizade de meio século
A atriz Bete Mendes e Rejane Zilles, viúva de Jards Macalé
Cristina Boeckel / g1
A atriz Bete Mendes, que tem cerca de 50 anos de amizade com Jards, estava muito emocionada no velório. Ela contou que, além de amiga, era uma fã,.
“Jards Macalé, meu amigo e irmão. A gente tem, porque permanece, uma amizade sólida e profunda de parceiros. Sou admiradora do imenso talento dele, de tudo o que criou”, disse Bete.
A atriz ressaltou que Jards é eterno nos trabalhos que criou.
“A música brasileira perdeu muito, mas ele permanece. Inteligente, sagaz e com humor especial. Ele ja disse: ‘agora sou eterno’, mas nao prevendo a morte, mas a eternidade. Vamos eternamente aplaudir e reverenciar esse extraordinário artista”, completou.
O ator Luís Miranda, também fã de Jards Macalé, também o exaltou.
“Vai ser difícil ter alguém do jeito que ele era. As novas gerações vão ter que beber dessa fonte”, destacou Miranda.
Fãs
Ator Luís Miranda e a viúva de Jards Macalé no velório
Cristina Boeckel / g1
Macalé estava internado em um hospital na Barra da Tijuca, na Zona Sudoeste do Rio desde o dia 1º, onde tratava de problemas pulmonares. Na segunda, ele sofreu uma parada cardíaca. A causa da morte, de acordo com a unidade de saúde, foi choque séptico e insuficiência renal.
Cantora Emanuelle Araújo no velório de Jards Macalé
Cristina Boeckel / g1
O livreiro Benjamin Magalhães, admirador da arte de Macaé, disse que o artista é um dos maiores da música brasileira.
“Era uma relação de fã, acho um dos maiores intérpretes da música brasileira, como João Gilberto e Caetano. Gostava dele e desse jeito bem humorado” destacou.
Coroas de flores enviadas por amigos para o velório de Jards Macalé
Cristina Boeckel / g1
Benjamin ressaltou que nomes como Jards Macalé fazem a arte caminhar. “Ele era dessa turma que, muitas vezes, foi considerada maldita pelo mercado. Eles alimentam a arte. Muitas vezes não são muito bem entendidos no momento que fazem, mas que depois são absorvidos”.
Atriz Bete Mendes no velório de Jards Macalé
Cristina Boeckel / g1
‘Anjo torto da MPB’
Nascido no Rio em 1943, Jards Anet da Silva começou a carreira nos anos 1960 — quando teve sua primeira composição gravada por Elizeth Cardoso, em 1964.
Jards Macalé, ‘anjo torto’ da MPB, morre no Rio
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Macalé rapidamente se destacou pela postura vanguardista e pela recusa a seguir padrões comerciais, o que lhe apresentou ao país como um “anjo torto” da MPB, como citou Mauro Ferreira em seu blog.
O grande impacto inicial veio em 1969, com a performance de “Gotham City” no IV Festival Internacional da Canção.
Em 1972, lançou seu influente álbum de estreia, Jards Macalé, no qual consolidou sua estética híbrida, misturando rock, samba, jazz, blues, baião e canção.
É autor de clássicos como “Hotel das Estrelas”, “Anjo Exterminado”, “Mal Secreto” e “Vapor Barato”, imortalizados também nas vozes de Gal Costa, Maria Bethânia e O Rappa.
“Meu amor, meu amigo… Fará muita falta neste mundo. 🌹”, postou Bethânia em uma rede social.
Mauro Ferreira: relembre reportagem sobre os 80 anos de Macalé
Parceiro de poetas como Waly Salomão (coautor de ‘Vapor Barato”), Vinicius de Moraes, Torquato Neto e José Carlos Capinan, Macalé construiu uma obra marcada pela estranheza, pela experimentação e pela absoluta defesa da liberdade criativa — postura que o aproximou de artistas como Luiz Melodia, igualmente avesso às imposições das gravadoras dos anos 1970 e 1980.
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‘Meu primeiro amigo carioca da música’, diz Caetano
Exilado em Londres ao lado de Caetano Veloso, Gilberto Gil e Jorge Mautner, assinou a direção musical de “Transa”, álbum que se tornaria um dos mais importantes da carreira de Caetano.
“Sem Macalé não haveria Transa. Estou chorando porque ele morreu hoje. Foi meu primeiro amigo carioca da música. Antes de Bethânia imaginar que seria chamada para o Opinião, Alvaro Guimarães, diretor teatral baiano, me trouxe ao Rio para montar e mixar o curta para o qual eu tinha feito a trilha. Fui parar na casa de Macalé. E ele tocou violão. Me encantei. Ele tocou com Beta, lançou composições, chamei-o para Londres e: Transa. Na volta, ele e eu seguimos na música. Que a música siga mantendo a essência desse ipanemense amado. Beijo carinhoso para Rejane”, postou Caetano.
Ao longo da carreira, nunca abriu mão da coerência artística. Explorava gêneros como bossa nova, rock, blues, samba e choro, sempre com sua voz ruminada e um violão singular, moldado por formação erudita.
Além da música, em seus 60 anos de carreira, Macalé também se aventurou em cinema, televisão, teatro e artes plásticas.
No cinema, participou do elenco de “O Amuleto de Ogum” e “Tenda dos Milagres”, ambos dirigidos por Nelson Pereira dos Santos.
Também integrou trilhas sonoras de clássicos como “Macunaíma”, de Joaquim Pedro de Andrade, e “O Dragão da Maldade contra o Santo Guerreiro”, de Glauber Rocha.
Veja abaixo reportagem sobre documentário sobre Macalé:
Documentário conta a história do grande músico Jards Macalé
É intérprete de seu próprio repertório e de compositores como Ismael Silva e Lupicínio Rodrigues.
Mesmo após décadas de atividade, manteve vigor e relevância: lançou “Besta Fera” em 2019, um dos destaques de sua discografia.

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