Ludmilla explica por que investe alto em shows de festivais
Para o show mais caro da carreira no The Town, em São Paulo, o DJ Pedro Sampaio fez um investimento na casa dos milhões. Ele não revelou a cifra exata, mas disse ao g1 que o valor “ultrapassou mais ou menos em seis vezes” o cachê recebido pela participação no festival. “Para mim não é sobre o valor, é sobre entregar a experiência que eu sonhei para o público”, justificou.
Não foi um sonho realizado só por Pedro. Na edição de 2025, o evento no Autódromo de Interlagos, que terminou no domingo (14), também recebeu uma megaprodução de Ludmilla. Ao falar do esforço envolvido na performance, a cantora explicou:
“É um investimento muito, muito alto, tanto de dinheiro quanto de energia e preocupação. É algo que para a nossa agenda.”
No palco do The Town, Ludmilla preparou o terreno para o lançamento de seu próximo álbum, previsto para este ano. A ideia era fazer o show já com o projeto divulgado, “mas aconteceram coisas muito maravilhosas e eu precisei mudar o roteiro”, disse ela.
Esse é um dos motivos que levam atrações brasileiras a gastarem mais do que recebem em eventos desse tipo: transmitidos ao vivo para todo o país, festivais como o The Town e o Rock in Rio têm potencial para gerar burburinho – tudo que um artista pop precisa quando está prestes a lançar um novo trabalho.
Ainda sem nome oficial, o novo disco de Ludmilla será dedicado ao R&B, ritmo nascido nos Estados Unidos que ela quer emplacar no Brasil. No show do festival, com o projeto em mente, a cantora revisitou o próprio repertório e incluiu músicas lentas, com melodias adaptadas a esse estilo.
Ludmilla durante show no The Town 2025
Fábio Tito/g1
Também convidou a artista americana Victoria Monét para cantar “Cam Girl”, uma faixa do próximo álbum. “Foi uma abertura para o que vem de novo, uma construção da minha personagem”, afirmou Ludmilla ao g1.
“O meu primeiro DVD já tinha uma grande estrutura. Agora que as coisas melhoraram para mim, aí é que eu faço mesmo, e isso volta para mim através de shows, que fecho no Brasil inteiro. Mas, muito mais do que isso, é uma realização pessoal porque eu cresci assistindo a grandes shows de artistas de quem sou muito fã.”
Por que tão caro?
Quem assiste a um show muitas vezes não tem a dimensão do quanto se gasta para colocar de pé um espetáculo musical. Além dos custos com a estrutura de som, a equipe de músicos e de produção e o deslocamento dessa equipe e dos instrumentos, há o investimento envolvido em cada artifício visual usado para aprimorar a experiência do público.
A apresentação de Pedro Sampaio no The Town, por exemplo, incluiu cinco plataformas que subiam e desciam no palco, movendo os bailarinos e o próprio DJ. Foram os itens mais caros da performance, segundo ele, porque geraram custos com a tecnologia dos motores digitais, a engenharia e a segurança dos profissionais envolvidos. Além disso, toda a estrutura teve que ser deslocada da Argentina para o Brasil. Sobre o valor dedicado ao show no festival, ele acrescentou:
“São muitos detalhes para entregar um show redondo: tem iluminação, efeitos especiais, balé ampliado, som, equipe técnica, engenharia, segurança. É muita coisa acontecendo ao mesmo tempo.”
Pedro Sampaio se apresenta no The Town 2025
Fábio Tito/g1
A grande maioria dos convidados de um festival precisa se virar com o valor do cachê para bancar tudo isso. E, no geral, sobra pouco, especialmente para músicos e funcionários que não estão no centro do palco. São raros os que podem se dar ao luxo de ir além: geralmente, porque recebem pagamentos bem mais gordos em contratos publicitários vinculados a esses eventos.
Procurada, a organização do The Town informou que não revela os valores pagos aos artistas. Em 2024, a cantora Luísa Sonza explicou por que investiu mais do que o cachê em seu show no Rock in Rio, um evento da mesma empresa:
“Eu não vou ser boba de fazer no Rock in Rio o mesmo show que eu faço em qualquer canto. Eu escolho investir muito mais, atiro dinheiro para fazer um show à altura, que eu sei que vai me dar muita exposição, para ficar maior ainda, fechar com marcas e continuar no Rock in Rio.”
É também o caso de Pedro Sampaio. No The Town, os milhões gastos pelo DJ renderam um dos públicos mais animados de toda a edição de 2025 do festival, e uma boa repercussão nas redes sociais. “Um festival como esse é vitrine para o mundo”, definiu o artista.
A apresentação dele ficou em 4º lugar no ranking do g1 com os melhores shows do The Town. Para muita gente, o nome de Pedro passou a ser associado a grandes espetáculos – e era justamente esse o objetivo do investimento tão alto.
“Eu entendo como um investimento na minha carreira, não em um único show. O retorno vem na construção da imagem do artista Pedro e no impacto que fica para o público. Sinto que já estou colhendo os frutos.”
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