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sábado, agosto 23, 2025
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Tarifaço: Haddad diz que Brasil não pode servir de ‘quintal de ninguém’

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O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, afirmou nesta terça-feira (20) que o Brasil “não pode servir de quintal de ninguém” e que o país tem “densidade e importância” para manter sua soberania.
Haddad deu a declaração ao comentar o tarifaço de 50% imposto ao governo Donald Trump, dos Estados Unidos, aos produtos exportados pelo Brasil.
No governo, a atitude de Trump é vista como política, e não como comercial, já que o presidente dos EUA justifica o tarifaço diante do processo de seu aliado, Jair Bolsonaro, que é réu por golpe de Estado no Supremo Tribunal Federal (STF).
Segundo Haddad, a postura brasileira deve ser a de manter parcerias amplas, sem se alinhar de forma subordinada a qualquer potência.
“Estamos com esse desafio geopolítico. O Brasil não pode servir de quintal para ninguém”, pontuou Haddad.
“Temos tamanho, densidade e importância para garantir nossa soberania. Não podemos escolher um parceiro só, temos que ser parceiros de todo mundo: União Europeia, Ásia, Brics, Oriente Médio, Sudeste Asiático. Temos conversas profundas com a Índia, que é a maior população do mundo, e ainda temos uma relação comercial pequena com eles”, continuou o ministro.
Ele disse que o Brasil pretende continuar dialogando com os Estados Unidos, mas não pode se curvar às condições impostas pelos EUA.
“Jamais passou pela nossa cabeça abrir mão da parceria com os EUA. Mas não nas condições que estão sendo colocadas. Sempre mantivemos nossa postura altiva e soberana no trato dos assuntos comuns a dois povos que têm uma história de 200 anos. Não há motivo para isso mudar, até porque o governo Trump é temporário, e Brasil e EUA são permanentes”, declarou.
O vice-presidente, Geraldo Alckmin (PSB), também presente ao evento do PT, voltou a afirmar que o tarifaço é injusto, já que os Estados Unidos tem superávit com o Brasil na balança comercial.
“Uma palavrinha sobre a questão do tarifaço. Ele é, primeiro, injustificado. Se a gente for ver a relação comercial Brasil-Estados Unidos, dos 10 produtos que eles mais exportam para o Brasil, 8 não pagam imposto. É Zero. A média tarifária é de 2,7%, ela é baixíssima. E eles têm superávit na balança comercial, tanto de bens, quanto de serviços”, disse Alckmin.
Dados digitais e tecnologia
Em sua fala, Haddad chamou atenção para o fato de que 60% dos dados digitais brasileiros hoje são processados fora do país, o que, na avaliação dele, representa um risco estratégico.
“Nós temos que tomar providências para que eles sejam processados aqui e de preferência com empresas brasileiras também”, afirmou o ministro.
Ele defendeu investimentos para desenvolver a indústria nacional de data centers e de inteligência artificial. O Ministério da Fazenda tem um projeto para tornar o Brasil um pólo de data centers (espaços em que supercomputadores processam alto volume de dados) no mundo.
Crescimento e inflação
Haddad avaliou que o Brasil pode crescer em média 3% ao ano sem grandes surtos inflacionários, desde que mantenha investimentos em infraestrutura, educação, indústria e agricultura.
O ministro reconheceu, porém, que o crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) em 2025 será menor que o de 2024. A desaceleração, segundo ele, é intencional, como forma de segurar a inflação. “Tivemos uma turbulência no primeiro semestre, a agenda acabou atrasando um pouco. Mas vejo no Congresso, em lideranças como Hugo Motta e Davi Alcolumbre, o desejo de fazer uma bela entrega em termos de Estado para a sociedade brasileira”, disse.

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