Justiça americana negou recursos e manteve, nesta semana, a condenação decidida em 2022. Quando tinha 13 anos, Eleri Irons chegou a ser vítima de petição que pedia sua morte. Eleri Irons sofreu bullying em uma escola da Califórnia
Reprodução/Redes sociais
A Justiça dos Estados Unidos decidiu, no início desta semana, que a ex-aluna de uma escola na Califórnia ganhará uma indenização de US$ 1 milhão (cerca de R$ 5,5 milhões) por ter sofrido bullying na pré-adolescência.
As autoridades optaram por manter a sentença de 2022, após analisar os recursos da defesa e concluir que houve, de fato, negligência do distrito escolar.
➡️Eleri Irons, hoje com 21 anos, ouviu ameaças e xingamentos dos colegas durante meses, em 2017 e em 2018, e não recebeu assistência da instituição de ensino. Segundo a jovem, houve:
perseguições e assédio por parte de outros alunos;
a criação de uma petição com o título “Let’s kill Eleri Irons” (“Vamos matar Eleri Irons”), que circulou entre as turmas;
comentários e situações que levaram à deterioração da saúde mental dela, resultando em transtorno de estresse pós-traumático (TEPT) e em episódios de automutilação.
De acordo com a vítima, mesmo com os pedidos de ajuda dela e dos pais, a escola teria ignorado os relatos, tratando tudo como “drama de triângulo amoroso adolescente”.
Condenação milionária
Em 2022, um júri concluiu que o Distrito Escolar Unificado de El Segundo (ESUSD) foi negligente ao não proteger a estudante. A Justiça determinou, então, o pagamento de US$ 700 mil por danos passados e US$ 300 mil por danos futuros, totalizando US$ 1 milhão.
O distrito recorreu, alegando falta de provas e questionando pontos do processo, mas, nesta semana, a Corte de Apelações da Califórnia manteve a sentença e rejeitou todos os argumentos.
Mentira, omissão e falha na comunicação
O processo revelou que a então diretora da escola, Melissa Gooden, quando soube da existência da petição pedindo a morte de Eleri, afirmou falsamente ter acionado a polícia. Na prática, o chamado só foi feito no dia seguinte, minutos antes de o pai da estudante chegar ao colégio para cobrar explicações.
De acordo com comunicado divulgado pelo escritório de defesa de Eleri, a escola protegeu a aluna que fazia bullying, porque “ela tinha conexões políticas e financeiras com a instituição”:
A mãe da agressora, afirma a defesa, era uma grande doadora do fundo financeiro do colégio e membro do conselho da cidade.
Mesmo após a petição que pedia a morte de Eleri, a estudante não teria sido suspensa.
A família de Eleri relata que viu a agressora na primeira fileira da cerimônia de formatura, e que isso foi “profundamente traumático”.
O g1 entrou em contato com a El Segundo Middle School, que direcionou os questionamentos ao atual diretor, Jason Johnsons. Até a mais recente atualização desta reportagem, ele ainda não havia respondido.
‘Todos falharam’, afirma advogada
A advogada da jovem, Christa Ramey, afirmou à imprensa americana que nenhuma denúncia feita pela família foi devidamente investigada pela escola.
“Todos falharam — não apenas com minha cliente, mas também com os agressores e com todos os outros estudantes”, disse. “O bullying precisa ser levado a sério. Quando os administradores não tomam providências, eles também são responsáveis.”
Distrito prometeu mudanças após a sentença
Após a condenação, em 2022, o distrito escolar anunciou a criação de duas novas vagas de segurança nas escolas de ensino fundamental e reforçou protocolos internos para a prevenção de casos semelhantes.
Na época da decisão, a então superintendente Melissa Moore afirmou que a instituição “respeita a decisão da Justiça e reconhece os resultados do processo”. De acordo com jornais americanos, ela deixou o cargo em 2024, após uma década à frente do distrito.
‘Finalmente, fui levada a sério’
Hoje, Eleri está no 3º ano de História na Universidade de San Diego. Ao falar sobre o desfecho do caso, ela afirmou ao “Daily Mail” que espera que sua história sirva de alerta.
“Sou muito grata por ter podido compartilhar minha experiência e, principalmente, por finalmente ser levada a sério. Espero que, da próxima vez que uma criança pedir ajuda, a escola aja como deveria ter agido comigo.”
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