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domingo, agosto 24, 2025
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Wanda Sá é a voz da ‘autêntica’ bossa nova em show no Rio com convidados como Jards Macalé e Joyce Moreno

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Wanda Sá e Jards Macalé divertem o público com histórias antes de cantarem ‘A voz de sal’
Rodrigo Goffredo
♫ OPINIÃO SOBRE SHOW
Título: Wanda Sá 80 anos
Artistas: Wanda Sá com Antonio Adolfo, Bebel Lobo, Bernardo Lobo, Jards Macalé, Joyce Moreno e Roberto Menescal
Data e local: 23 de agosto de 2025 no clube Manouche (Rio de Janeiro, RJ)
Cotação: ★ ★ ★ ★
♬ Ao saudar Wanda Sá no palco do clube Manouche, como convidado do show inspirado pelo disco comemorativo dos 80 anos da cantora paulistana de alma musical carioca, o pianista e arranjador Antonio Adolfo qualificou Wanda Sá como artista da “autêntica bossa nova”.
Presença ilustre em alguns números da festiva apresentação que lotou o Manouche na noite de ontem, 23 de agosto, Adolfo foi certeiro. O que se viu e ouviu foi cantora de espírito jovem dando voz às músicas novas do álbum Wanda Sá 80 anos e a eternos sucessos da bossa que ancora a discografia da artista.
Aberto com Fotografia (Antonio Carlos Jobim, 1959), com Wanda se acompanhando no violão eletroacústico, o roteiro fluiu bem, sem perder ritmo com o entra-e-sai de convidados.
Wanda Sá no palco do Manouche no show do álbum de 80 anos
Rodrigo Goffredo
A primeira parte foi dominada por clássicos da bossa nova. Após servir Café com pão (João Donato e Lysias Ênio, 1981), evocando de longe o suingue de João Donato (1934 – 2023), Wanda cantou Desafinado (Antonio Carlos Jobim e Newton Mendonça, 1959) – com a introdução geralmente esquecida pelos intérpretes dessa letra escrita para exaltar a estética do canto suave da bossa nova – e Samba de uma nota só (Antonio Carlos Jobim e Newton Mendonça, 1960), este com citação da Canção do Exílio (Gonçalves Dias, 1846) e com versos da letra em inglês intitulada One note samba.
Na sequência, o canto do pioneiro afrosamba Água de beber (Antonio Carlos Jobim e Vinicius de Moraes, 1961) – também revivido pela artista com alguns versos em inglês – reiterou a intimidade de Wanda Sá com o universo da bossa nova, da qual a cantora e instrumentista nunca se dissociou. A sintonia do violão de Wanda com o toque do trio-base formado por Flávio Mendes (violão), Diego Zangado (bateria) e Zé Luiz Maia (baixo) evidenciou que, para Wanda Sá, é muito natural tocar e cantar bossa nova.
O primeiro convidado da artista, Jards Macalé, descontraiu o ambiente com histórias contadas por Wanda. “Já fumei vários apocalipses esperando o fim do mundo”, gracejou Macalé, sem perder o timing da tirada improvisada a partir de causo contado por Wanda que envolvia maconha e religião. Após a graça, os artistas cantaram A voz de sal (2025), parceria de Macalé com Romulo Fróes apresentada por Wanda no álbum dos 80 anos. O dueto resultou bem descontraído.
Wanda Sá (à esquerda) recebe a amiga Joyce Moreno no show para cantarem juntas a bossa ‘Se solta, coração’
Rodrigo Goffredo
Com a leveza que pautou o show, mas sem espaço para informalidades no canto, a convidada seguinte, Joyce Moreno, se irmanou com a amiga Wanda Sá na bossa de Se solta, coração (2025), parceria de Joyce com Paulo César Pinheiro feita para Wanda.
Somente com o toque do piano luxuoso de Antonio Adolfo, Valsa nova (2025) ganhou emoção em cena no dueto cúmplice de Wanda com o filho parceiro, Bernardo Lobo, que mandou de Portugal a melodia letrada por Wanda com versos que exaltam a conexão além-mar entre mãe e filho através da música.
E por falar em ligação, a presença de Roberto Menescal – lenda viva da bossa nova que fará 88 anos daqui a dois meses, em 25 de outubro – sublinhou a intimidade entre os artistas. Antes da lembrança de Cá entre nós (Roberto Menescal e Wanda Sá, 2016), parceria dos dois que batizou álbum lançado pela cantora há nove anos, os artistas divertiram a plateia com história sobre o “confuso horário” do Japão que levou cantora e músico a quase dormirem no palco antes de terem crise de riso que os despertou para a cena.
Na sequência, com o canto ainda emoldurado pela guitarra de Menescal, Wanda mostrou Não pergunte demais (2025) – “pura bossa nova” composta por Menescal com letra de Abel Silva e oferecida para o álbum dos 80 anos da cantora – e Vagamente (Roberto Menescal e Ronaldo Bôscoli, 1963), música que, embora lançada por Sylvia Telles (1935 – 1966), ficou associada a Wanda Sá desde que a cantora a regravou como música-título do álbum que a apresentou ao Brasil em 1964.
Wanda Sá e Roberto Menescal reiteram a cumplicidade e sintonia no palco do Manouche
Rodrigo Goffredo
Vagamente se afinou no roteiro do show porque, em essência, as músicas inéditas do álbum Wanda Sá 80 anos estão ancoradas naquela mesma praia de 1964. Basta ouvir a obra-prima do repertório do disco, o samba Tom do amor (2025), grande música então inédita de Carlos Lyra (1933 – 2023), ambientada à beira-mar no clima sal, céu, sul do Rio de Janeiro (RJ), cidade geralmente ensolarada que pariu a bossa de alma carioca.
No show, o samba Tom do amor foi cantado por Wanda com a presença afetiva de Bebel Lobo, filha da artista. E foi no clima aconchegante da bossa que, no fim do show, Wanda Sá reuniu os dois filhos, Bebel Lobo e Bernardo Lobo, no canto de Juntinho (2025), parceria inédita de João Donato com Nando Reis lançada pela cantora no disco dos 80 anos.
No bis, todos os convidados foram reunidos no palco e, com a informalidade típica de um fim de festa, uniram vozes no samba Chega de saudade (Antonio Carlos Jobim e Vinicius de Moraes, 1958), marco inaugural da bossa nova que norteia a trajetória de Wanda Sá, representante “autêntica” dessa onda de eterna modernidade que se ergueu no mar do Brasil em 1958 e, anos depois, alcançou o mundo para sempre.
Wanda Sá com os filhos Bebel Lobo e Bernardo Lobo no canto da música ‘Juntinho’
Rodrigo Goffredo

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